The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

29 março 2008

the memphis blues again

a iminência da estrada me excita, me atrai, me seduz. arrumar o mochilão, separar ipobre. esvaziar a geladeira de cousas que crescem e dão frutos e dão fungos e criam raízes e apodrecem em duas semanas. separar the very drugs para o dia de viagem. filtro solar pro braço que vai ficar encostado na janela. um galão de água. mais um galão vazio pro mijão. uma grana preta pra gasolina. uns trocados pro pedágio, viva o alckmin. mais uma grana pros gentis oficiais da polícia rodoviária federal. não preciso de mapas. não precisamos de mapas. os mapas são para os que têm medo de se perder, para os que sempre tomam o caminho mais curto, para os que calculam as paradas a cada quatro horas, para os que querem chegar logo em casa. os mapas são muito bons para chegar. nem tão bons assim para viajar. just hit the road, jack. como fazia hunter. com fazem os ciganos, os nômades, os beduínos do deserto. como john wayne. como fazem os caubóis, os velhos pistoleiros, os homens procurados. como fazem os deserdados, os desertores, os beats. a velha estrada mítica de saint jean-louis lebris de kerouac.

|

28 março 2008

i ain´t gonna work on maggie´s farm no more

te digo que vi aquele filme "i´m not there" outro dia. na matinê das 13h. "não estou lá".
porque às vezes é necessária uma porrada dessas na moleira. pense no cinema como um chute na bunda. porque saí da sala de cinema querendo viver mil vidas. querendo subir no próximo trem rumo a qualquer lugar. queria ser zimmerman. ser mil robertos. ser intenso e autêntico a cada gesto. ser um novo berna a cada dia. viver meu destino que será surpreendente e inevitável a cada instante.
nunca abandonar os trilhos. nunca olhar para trás. ser um louco, como pedia jack, como pedia jack.
...well, i try my best
to be just like i am,
but everybody wants you
to be just like them...

|

um país sério

das agências internacionais:
"O uso de cigarros de maconha será isento das restrições antifumo que passarão a vigorar na Holanda em três meses. Segundo as regras, o fumo será proibido em lugares como bares, cafés, restaurantes, clubes e teatros a partir de 1º de julho. Entretanto, cigarros de maconha, hoje consumidos abertamente em locais públicos, ficarão de fora das regras. O ministro holandês da Saúde, Ab Klink, disse que o objetivo da lei antitabaco não é combater a maconha. "Se quisermos modificar nossa política de tolerância em relação ao uso de drogas leves, agiremos diretamente, e não através da proibição ao fumo", ele declarou ao Parlamento durante a discussão da legislação, no ano passado."

|

26 março 2008

sour times

o almoço do brito é azedo. como a vida é azeda.
hoje passei a manhã inteira aqui sentado à máquina de escrever, rascunhando nos pergaminhos que lanço ao árido mar da solidão.
sentindo penetrar silenciosamente, pela fresta de minha porta, o azedume do almoço de brito.
acendi logo dois incensos, mas é bobagem, o incenso de chocolate pode até perfurmar meu apartamento beat por um momento ou dois, pode brevemente esconder em si o azedume que escapa do 905.
mas, em verdade, o incenso logo se defaz entre as janelas abertas e queima ligeiro como um rastilho de pólvora cheirosinha.
e resta apenas o brito, a vida, o azedo.

|

it's all about confusion

tenho compromisso today. em perdizes às duas da tarde. 14 horas.
faltam três horas e um quarto pra eu chegar punctually a meu compromisso.
já calculo que preciso sair de casa pouco depois da uma da tarde.
pode ser afobação, pode ser frescura, pode ser paranóia. mas ter um compromisso marcado, pra daqui a três, quatro horas, já f*de todo meu dia a partir de agora.

|

won´t you come see me, queen jane?

os óculos escuros me protegem da multidão. the shades. empino a ladeira da pires da mota até a rua vergueiro. um mendigo vem puxar papo comigo, não obstante the shades, não obstante o ipobre socado em meus dutos auriculares para manter the strange ones bem away de mim. o cara está alegre. sujão, barbudão. o peito nu sob a camisa esfarrapada. tiro a música de dentro de meus ouvidos, plop, para poder ouvir suas palavras febris. "me diz", ele me pergunta no meio da calçada, "onde tem uma padaria por aqui?" e eu acho engraçada e improvável essa figura assim tão jokerman na sisuda ciudad, a romper as distâncias tácitas entre os mendigs encachaçados e nosotros bacanas. uma padaria..." é, onde eu posso comprar cerveja?" acho bacana e freak essa figura tão desajeitada ali em minha frente, porém firmemente postada em suas convicções de bebum. camarada, eu respondo, enfim, dobrando ali adiante a esquina com a josé getúlio tu logo vai encontrar, do outro lado da rua, a padaria madame. lá tem cerveja. e cordialmente acrescento: também tem pinga, conhaque, uísque wall street. "oh, obrigado", me responde a escalafobética figura in rags. "eu preciso de uma cervejinha." claro, cidadão do bem, pois já é quase meio dia na grand ciudad.
don´t look back, like dylan in the movies, on your own...

|

25 março 2008

the poetry as a daytime job

- hey, guria, então tu curtes poesia?
- sim. eu até inventava algumas.
- inventava, e não inventa mais?
- agora não mais. estou sem tempo, entre outras coisas.
- entendo... deu no saco, né?
- não ainda gosto.
- mas escrever um poema não é tão simples quanto parece.
- não é mesmo. nasce de um sentimento muito especial e de um duro exercício com as palavras.
- a poesia traz labor e espontaneidade em seu interior. traz o cálculo, o engenho e o rigor estético que vêm da carpintaria poética, mas sem perder o frescor, a naturalidade e a essência de liberdade que a engendraram no primeiro momento. por isso me considero um poeta do meio-dia. gosto dessa imagem.
- poeta do meio-dia?
- sim. o poeta da hora do almoço.

|

24 março 2008

do the talking

as pessoas me páram na rua pra falar de droga.
quer dizer, não na rua exatamente, mas em lugares públicos e permissivos a esse ponto.
um dia desses, por exemplo, no show da céu, uma guria atravessou o sesc pompéia para perguntar se eu tinha seda. não, guria, não tenho seda. "que pena, só me falta seda pra poder apertar um agora." me despedi com um sorriso amarelo e um olhar solidário. eu sei o que é isso.
doutra vez, num show do supergrass em atibaia, clima meio woodstock, no meio do mato, outra guria veio me perguntar se eu tinha um doseabá pra queimar ali com ela. eu fiquei mais decepcionado ainda com minha impotência. além de ter queimado todo meu fumo ao lado de mister pothead, eu ainda estava no meio de uma trip química. nem pude me desculpar direito com a menina. mandei mal.
uma terceira vez, mais recente, num festival rocker no rio de janeiro, um camarada aparentemente on drugs perguntou para mim e para nosso brother pothead se a gente tinha um pilão ali a mão. tu sabes pra quê. depois o cara bateu um longo papo com o senhor campbell e, creio, deve ter se virado com um graveto.

|

22 março 2008

loucura

manchete (?) das agências noticiosas (?) neste sábado agitado:
"o apresentador luciano huck está com dengue"
e eu acrescento aqui, pobre dengue

|

19 março 2008

bringing it all back home

pobre gente que almoça no horário do almoço
que chega na hora de chegar
e só vai embora na hora de ir embora

|

the girl and the rain dogs

a scarlett johansson virou cantora.
ela vai lançar um disco em maio:
"anywhere i lay my head",
apenas com covers de tom waits.

|

18 março 2008

monika e o desejo

o combinado era eu virar beat e não fazer mais nada na vida, lembra?
apenas ser vagabundo. e flanar pela grand ciudad achando tudo muito curioso e muito engraçado. mas sabendo que nada daquilo é comigo.
a liberdade.
flanar até a grana acabar. e então ficar pelos cantos. sentar e escrever o grande romance em um par de semanas numa tacada só. like jack.
o romance definitivo de meus dias, de meus amores. e até nunca mais. morrer de overdose num quarto-e-sala d´aclimação. ser encontrado pelo velho brito, dias depois, quando ele não suportasse mais o cheiro ruim. enfim.
eram belos meus planos.

|

(sittin´on) the dock of the bay

"...sittin' here resting my bones
and this loneliness won't leave me alone
it's two thousand miles i roamed
just to make this dock my home
now, i'm just gonna sit at the dock of the bay
watching the tide roll away..."
(otis redding)

|

anjos da noite

hey, guria, tu curtes soul music?
tire uma noite com otis redding.
duas horas de otis, hoje, a partir das 22h.
mais um programa 'anjos da noite', a artimanha radiofônica deschavada pelos vagabundos do tpb.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp

|

16 março 2008

no air between the ears

tenho que louvar, once and again, estes singelos artifícios de espuma: os tampões de ouvido.
parece meio freak ficar falando de tampões de ouvido num blog hipster. mas minha vida, e aqui se segue um testemunho tipo sara nossa terra, mudou depois de encontrá-los: adoráveis tampões de ouvido.
é apenas questão de empurrá-los, tubo auditivo adentro, e socá-los lá no âmago, no fundo de teu aparelho auricular. simples assim. (não se preocupe, porque tem uma cordinha de segurança pra puxar o tampax cerumento de volta num poc.) apenas faça penetrarem os tampoons e logo se estabelecerá uma quietude inaudita, um apaziguamento de todos os sentidos auditivos tenebrosos tão comuns em nossas urbes superpopulosas e cinzentas.
um silêncio harmonioso toma conta de teu corpo, teu espírito.
um silêncio quase absoluto. apenas com o aveludado rebimbar de teu velho coração ali no fundo do tempo-espaço, oh, um ruído de fundo universal, teu broken heart pulsando sangue para dentro de tuas veias cavernosas, marcando o ritmo biológico de teu lento envelhecimento, um metrônomo de tua lifetime.
os tampões de ouvido funcionam como um abençoado esquecimento.
just like heroin - but you are awake.

|

14 março 2008

the magnificent ambersons

tua vida tão fascinante
vila olímpia, itaim, pinheiros, brigadeiro faria lima
teus endereços chiques, teu iguatemi, teus restaurantes cinco estrelas
tuas fugas de helicóptero por sobre a cidade cinza e ruidosa
amigos descolados, carros blindados, tua carreira reluzente
tua vida, tão fascinante, é um reality show quero te tocar

|

satori uso

"obrigado vento por fumar meu cigarro
obrigado brisa por soprar minha ferida
obrigado por nada, esta vida"
(rodrigo garcia lopes)

|

the poetry in a day

hoje é o dia nacional da poesia. viva.
data escolhida não se sabe por quem por conta do nascimento de castro alves (1847-1871).
como minha homenagem particular à indelével memória do poeta negreiro, creio que hoje vou perambular um bocadinho pela castro alves street, importante via urbana d´aclimação que une, ou melhor, que separa a parte rica e faustosa do bairro (das cercanias arborizadas do aclimation park até a pires da mota) da parte pobre e malajambrada do bairro (da pires da mota até os mendigos aleijados às portas do hospital do servidor público municipal).
castro alves, o poeta imortal, acharia assaz apropriado.
the vagabond who´s rapping at your door is standing in the clothes that you once wore.

|

i´m not there

"e não sou só eu que fiquei frustrado. a turma de cinquentões que veio para ouvir a música dele teve que ouvir isso. nós queremos o dylan folk, não o roqueiro barulhento. foi esse que eu paguei mil reais pra ver. e tem mais: ele não cumprimentou o público. não falou nem boa noite. não olhou nem para a platéia. esse não é o meu dylan."
(marcos augusto neto, 50 anos, empresário de campo grande, em entrevista para o estadão, na saída do primeiro show do bob em são paulo. marcos augusto neto, sem dúvida, não esteve no festival de folk de newport em 1965, era muito novinho.)

|

13 março 2008

the raindroppers

os operários da construção berrando uns para os outros :
carnaval na obra
apertando o passo saindo da padaria
espiando de minha varanda beat a coreografia dos guarda-chuvas
coloridos nas calçadas d´aclimação
e deixa pra semana que vem aquele cineminha à tarde
'cause i'm never gonna stop the rain by complainin'
because i'm free
nothin' s worryin' me

|

11 março 2008

the first time i met the blues

estação consolação do metrô paulistano. escadas rolantes cheias de gente a rolar e rolar. as longas filas bovinas para as catracas, como bois entrando em arenas de touros. parece que encostou uma betoneira de fabricar gente ali na porta da estação e ela não pára mais de cuspir gente. uma composição lotada dispara pelos trilhos a cada três minutos carregando um monte de gente em seu ventre de lata. chegou mais um trem parindo gente por suas portas que se abrem e se fecham automaticamente. gente automaticamente. gente novinha em folha. gente suarenta em bicas. mais gente mais gente mais gente no mundo.

|

10 março 2008

introducing joss stone

joss stone foi embora do the double tree park. para sempre.
(pausa dramática.)
durante dois anos, a loirinha joss foi minha vizinha de porta. eu morava no 901. ela morava no 903. então eu pude assistir de soslaio, e entreouvir, a desregrada vida afetivo-sexual de minha vizinha. joss stone recebia amigos e amigas para noites tórridas no 903. meninos e meninas. segundo o boquiaberto zelador do double tree, até um policial civil conheceu intimamente a minha vizinha.
john pothead me visitava amiúde no 901, na esperança de cruzar com joss stone no corredor.
joss e eu sempre trocamos olhares cúmplices. olhares de alta tensão sexual que eletrificavam os ares do nono andar cada vez que nos encontrávamos ao acaso. joss era uma guria faceira.
certa feita, fizemos sexo selvagem no elevador embaçando o espelho. mentira.
mas joss puxava papo e sorria para qualquer comentário suarento e disléxico que eu proferisse num gagalante gagagaguejar.
eu forçava encontros na lixeira do nono andar. mas nunca tive o moral. sou fraco.
agora, morando aqui no longínquo décimo-sexto andar, só me resta o brito beat como vizinho. ele é freak, pelo menos, mas não rola aquela tesão.
e joss stone deve ter voltado para campinas. aquela vadia.

|

the poetry as a rock and roll attitude

- olá, guria... e então, tu curtes a poesia?
- adoro poesia. que tipo de poeta você é?
- sou do tipo bom pacas.
- mas você é romântico? simbolista? surrealista? árcade? parnasiano? concreto? marginal? hippie?
- nã... nada disso. eu sou um poeta rocker.
- e como é uma poesia rocker?
- é uma poesia de garagem. três acordes e uma pedaleira fuzz.
- como assim?
- me diz, guria... tu curtes the cramps?

|

momento de histeria (the beat way)

bob dylan tocou 'my back pages' no rio!
e eu não estava lá!

|

fear of the dark

queimou a luz do corredor do décimo-sexto. a luz que fica exatamente entre a porta do meu apartamento (1604) e a porta do apartamento vizinho (1605). meu vizinho é o brito.
e o corredor do double tree park se mantém na mais solene escuridão quando eu passo em meu caminho até a porta. seria até difícil de acertar a chave na fechadura, caso eu realmente passasse chave em meu cafofo beat. espiando pelo olho mágico, bem cegueta, não se vê mais o velho brito ali parado no corredor, fumando seu cigarrillo galaxy. dá para ver apenas a ponta incandescente do cigarro - e dali se adivinharia a silhueta fétida de nosso old man brito.
à espreita atrás da porta do 1604, eu suo pesado enquanto fico espiando a vida de brito. e deliro quando imagino nosso possível encontro fortuito, lançado ao acaso e às escuras, prestes a acontecer, a qualquer momento desses desavisados, quando eu chegar do supermercado dany carregando minhas sacolas de compras light e ele, o brito, estiver exatamente ali no corredor, parado, fumando seu cigarrinho hipster, sem dizer nada, sem esperar nada, sem fazer nada, apenas being brito.
(mas o joão batista passou aqui agorinha com sua escada e trocou a lâmpada.)

|

o pulsar do double tree park

os apartamentos do the double tree park são pequenos. quarto e sala, mais cozinha e banheiro, mais varandinha cannabis. não, não é nada muito grande - mas parece ser enorme quando os camaradas ficam martelando em uníssono a manhã inteira, a tarde inteira. martelando como se eles próprios fossem o coração de concreto armado do double tree bombeando pó de cimento para suas artérias hidráulicas por entre as paredes da antiga construção. porque um apartamento do décimo-sétimo está em obras. e está em obras há mais de semana. (parece até a reforma dos calçadões da avenida paulista, só falta desviarem o trânsito na pires da mota esquina com loureiro da cruz.) pensando bem, eu te digo que não deve ser apenas um apartamento. o andar inteiro deve estar em obras. daqui pra pouco, a marretadas, os caras vão aparecer aqui no teto da minha cozinha beat. sinto eles chegando mais perto a cada paulada. agora.

|

09 março 2008

as i went out one morning

sonhei que via bob dylan e ele era mais novinho que você ou eu. era apenas mais um deadbeat solitário que fazia suas canções ali no improviso, soprava sua gatinha pelos corredores do metrô, estação praça da república. eu acendi um cigarro e fiquei ouvindo bob no metrô. e as pessoas que passavam, sempre passam, tão apressadas pelos túneis urbanos do centro de la grand ciudad. que nem ouviam o camarada bob. eu era tão jovem, nesse sonho, tão jovem que era estudante e poeta e morava de favor. como rimbaud. catei uma moedinha doirada de 1 (hum) real no fundo de meus pockets e atirei para aquele lonesome hobo, num meneio de respeito e gratidão. take your pick, bobbie boy, my loss will be your gain. foi quando bob me estendendo sua mão, longe do violão, em um instante de embaraço. would ya please not stare at me like that, ele disse, it's just my foolish pride, but sometimes a man must be alone and this is no place to hide. então saí andando, deixei o poeta para trás, pulei no primeiro trem corinthians itaquera. sonhei que via bob dylan, ali entre nós, e que eu estava entre aqueles que o vaiaram por tocar rock and roll. acordei assustado, descabelado, envergonhado. acordei agitado e me estiquei até a vitrola. para pegar a highway sessenta e um rumo norte, até o minnesota.

|

the poetry as a inner silence

- oi, guria. bomdia pra ti. acordou cedo, hein? vai à missa?
- pois é. estou esperando companhia... queres ir comigo?
- desculpe, pequena. mas eu não frequento missas. é contra a minha religião.
- então por que você acordou assim tão cedo em um domingo?
- o silêncio me acordou.
- como assim?
- todo domingo acordo bem cedo. porque sinto falta das marteladas da construção, das buzinadas do trânsito. sinto falta do barulho todo.
- eu acordei cedo por que adoro o silêncio das manhãs de domingo. não vou perdê-lo dormindo.
- te digo que esse silêncio todo me deixa agitado.
- agitado? por que? você é neurótico?
- não, guria. não sou neurótico. sou poeta.
- ah. adoro a poesia.
- e eu tento mas, com todo este silêncio, já não consigo mais ouvir a minha poesia.

|

08 março 2008

read the book, the only book

bueno. não sou eu que estou dizendo.
vejam vocês...
"O profeta Moisés estava sob efeito de poderosos alucinógenos quando desceu o Monte Sinai e apresentou ao povo judeu os Dez Mandamentos, afirma Benny Shanon, professor do Departamento de Psicologia Cognitiva da Universidade Hebraica de Jerusalém."
alguém duvida disso?
moisés, o grande xamã.
pois escreveu o professor benny:
"A Bíblia afirma nesse sentido que 'o povo vê sons' e esse é um fenômeno muito clássico, por exemplo na tradição da América Latina, onde se pode 'ver' a música."
o professor benny já tomou ahuasca na amazônia e conta que ficou muito doidão. quer dizer...
"tive visões de conotação espiritual e religiosa".
(em tempo: eu, o alucinógeno e transfigurado berna beat, vi bob dylan de cara dia desses e fiquei bem doidão.)

|

07 março 2008

bob dylan´s dream

Leopard-skin pill-box hat
It ain't me babe
I´ll be your baby tonight
Masters of war
The levee's gonna break
Spirit on the water
Things have changed
When the deal goes down
High water
Stuck inside of mobile with the Memphis blues again
Nettie Moore
Highway 61 revisited
Workingman's blues #2
Summer days
Like a rolling stone
Thunder on the mountain
All along the watchtower

Rainy day women #12 & 35
Lay, lady, lay
I´ll be your baby tonight
Love sick
Rollin´ and tumblin´
Spirit on the water
A hard rain´s a-gonna fall
Honest with me
Workingman's blues #2
Highway 61 revisited
When the deal goes down
Tangled up in blue
Ain´t talkin´
Summer days
Like a rolling stone
Thunder on the mountain
Blowin´ in the wind

|

06 março 2008

love and theft

quero dormir. a noite já vai tarde. duas e pouco da manhã. quero dormir. mas bob não deixa.
por que o bob é um velho chato, sabe? o bob me deixou liso, durango, estourado no cartão. e depois nem deu boa noite, muito obrigado, it´s so good to be here in brazil.
bob é o cool man. passou a maior parte da noite de costas. ficou grunhindo aqueles poemas bonitos que ele escreve. ficou entortando aquelas melodias bonitas que ele compõe. ficou brincado, assim meio de má vontade, brincando de qual é a música?
john pothead acertou várias delas: 'the levee´s gonna break', 'things have changed'... e eu fiquei pastando um bocado. go away from my window... ei, é essa mesmo?
não espere nada dele, que não ficará desapontado, disse joan baez. ela conhece o cara.
e o bob ali, de pé, chapeuzinho caipira, calça listrada, terninho glitter. bigodinho safado, boogie safado.
e o bob te faz chorar um par de vezes. you got no secrets to conceal.

|

04 março 2008

do tempo do bob

elipe campbell, estimado leitor do tpb, manda esta:
"A Prefeitura de São Paulo negocia um show de graça do cantor Bob Dylan no domingo (9) para uma grande multidão. A realização do espetáculo depende de patrocinadores já que a data está aberta na agenda do artista e seus assessores concordaram com a idéia. O cachê para essa apresentação aberta giraria entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. Os dois lugares cogitados para receber o show são o Parque Ibirapuera e o Museu do Ipiranga. A idéia foi levantada pelo senador Eduardo Suplicy, grande admirador de Bob Dylan e que interpretou "Blowin' in the wind" em uma sessão no Congresso."
pois...
bem que bob poderia tocar na concha acústica do aclimation park, hein?

|

anjos da noite

pôrra... bob dylan de novo?
pois é, bob dylan once more.
os vagabundos do tpb agitam esta noite a segunda parte do especial 'anjos da noite' em torno da obra de roberto zimmerman.
trata-se de uma retrô da carreira fonográfica de bob:
a fase folker, os dias beat, o idílio country em nashville...
destaques para o álbum clássico 'blonde on blonde' e para o recente 'modern times'.
o programa radiofônico 'anjos da noite' rola todas as terças-feiras, a partir das 22 horas, na rádio cultura fm do distrito federal.
e pode ser escutado online...
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
(quando funciona)

|

Cansei de ser sádico

Acordo às 4h45 e não consigo mais dormir. Não tinha esses problemas quando era beat vagabundo. Um vagabundo do TPB. Saio à varanda e tudo está escuro e silencioso. Tudo está extremamente agradável. Faço um café. Sorvo o líquido fumegante enquanto o vento bate fresco em minhas costas nuas. Estou a cinco horas do meu trabalho e isso me contenta. Posso fazer mil coisas. Mas o tempo passa rápido nas boas horas. Os primeiros pios, primeiras luzes, primeiras vozes, primeiras cores desvirginam o dia 4 de maio. Tinha sonhado com o Bicudo. Eu era o professor do Bicudo. O Bicudo foi um cara, um brother, de uns tempos atrás. Foi ele quem, mesmo mais novo, me ensinou a fumar um cigarro de índio. O Bicudo tinha assim um ar de sabedoria vagabunda e preguiçosa. Bem inspirador. No sonho eu era o professor. Na vida o Bicudo foi meu professor da marijuana. No sonho eu tinha que esmurrar o Bicudo. Ele era um filho da puta que não queria obedecer às minhas ordens. Amanheceu.

|

03 março 2008

aclimation´s burning

nosso brother mendes júnior pescou uma notícia internética e mandou para a redação tpb:
"Os bombeiros controlaram por volta das 10h20 desta segunda-feira (3) o incêndio que consome uma residência na Rua Muniz de Souza, no bairro da Aclimação, em São Paulo. Seis equipes do Corpo de Bombeiros faziam, às 10h30, o trabalho de rescaldo. Ainda não há informação sobre vítimas ou sobre a causa do fogo. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) bloqueou o trânsito na via nos dois sentidos."
pois...
será que o brito passou por lá com seu cigarrinho galaxy?

|

a desobediência civil (agora)

começa hoje o prazo de declaração do imposto de renda 2008
baixe o programa no site da receita federal
http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/ReceitaNet/default.htm
ha.

|

the man in the long black coat

meu pai não faz o tipo sentimental. mas às vezes entra numas de 'exteriorizar os sentimentos', principalmente depois de virar uma garrafa de vinho tinto e abrir a caixa de e-mails. bacana. dia desses me chamou de 'eremita'. eu te digo que gosto da idéia. queria ser salinger. mas nem tão eremita assim. não chego a urtigão. com um cachorro velho e um rifle na mão. apenas um exilado n´aclimação. um retiro espiritual na grande cidade. sempre mandando minhas palavras para os que estão por aí. minhas estimas.

|