A vida boa de Mahogama Smith
Mahogama Smith abandonou o jornalismo. E, hoje, dedica-se à síntese de smarts drugs, num sítio em Atibaia. Longe da vida agitada da metrópole, busca na terra vermelha e no ar da colina a inspiração de sua existência. Logo ao acordar de manhã, costuma devorar duas fatias de space cake, sabor figo com aveia. A iguaria é feita pela Preta Véia, que mora num jatobá (árvore de diametro generoso) de dois cômodos. Refrescado pelos eflúvios do bolo em sua mente, Mahogama sai pelo seu pedaço de terra segrado. Conversa com passarinhos na língua ancestral. Colhe flores campestres e toma banhos de lama. Revigorado, vai para seu laboratório de psychotropic pills. Ali, incensado por sabedorias mil, mistura pequenas partículas de natureza. Busca a síntese da felicidade. Depois experimenta suas próprias amostras. Dia desses, Smith saiu pelo vilarejo para fazer compras, logo após a ingestão de um tablete. Chegando na rua principal, viu em cada pessoa, seu melhor amigo, sua família. Sentiu por eles o mesmo amor. Entrou no mercado, mas não comprou nada. Não viu sentido nisso. Apenas sentiu o momento. O presente. Ficou angustiado, “tenho que viver isso agora.” Nunca mais sentiu tal sensação. Qualquer coisa na vida, só se vive uma vez.
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