The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

23 junho 2006

Meu querido avô morreu

Descobri de vem os filmes de terror. Dos sonhos. Estou sozinho. Numa velha casa aqui em sampa, onde meus avós moram há décadas. Três, quatro ou cinco décadas. Olho pela janela. Raios de sol atravessam as copas das árvores. Lá, é assim até hoje. Um clima de interior a poucos metros de uma avenida movimentada e cinzenta. Fecho a janela. Tudo fica escuro. É uma casa de pouca luz. Sempre fria. Mesmo no verão. Abro de novo, pouco depois e agora é noite sem estrelas. Fico aflito. Cadeados e fechaduras não oferecem segurança. São antigos. Corro para todas as aberturas, portas e janelas. São muitas. Tudo range. Tudo parece prestes a desmoronar. De repente, ouço um barulho. Vem da lage, lá de cima. Um pequeno espaço com chão de piche seco. Tem uma caixa d´água e um varal de arame. É meu avô. Ele mesmo, de shorts e camiseta regata. Está fazendo flexões. “aqui é só para a elite”, ele diz. Não entendo. Ele dá uma corridinha. Tipo daqueles atletas de salto em altura. Pula da lage e se esborracha no chão. Fico sem acreditar. O que ele fez? Desço pra dar uma olhada. Seu rosto está esmagado no chão. Estou nu. Tento me vestir ao mesmo tempo em que a polícia chega. Minha tia e minha vó chegam também. Estão com um sorriso sarcástico no rosto. Acordo.

Ps: meu avô está vivo, embora doente. Acho um custo visitá-lo. Em meu mundo egoísta as únicas coisas que importam são meu emprego, meu futuro, meu corpo, minhas mulheres e meus pensamentos canábicos delirantes.

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