if you close the door, the night would last forever
- senta e fica quieta um pouco. toma um drinque e relaxa. já é tarde pra cacete. mas poderia ser pior. poderia ser lei seca. poderia ser cirrose.
- o que você quer comigo? você é muito novo. não sou pedófila.
- e eu não sou estuprador. e bebi demais para ter um hard on. não te preocupes.
- este é teu senso de humor?
- o que nos resta, pequena ébria ofendida, é tentarmos ser abertos e sinceros e cordiais para superar todo esse rancor e abafar por um momento ou dois nossa grande solidão.
- você é bem amargo para um garoto.
- bueno. te disse. eu não queria te dizer as verdades. mas elas estão aí. pendendo do teto, voando ao redor das lâmpadas, caindo sobre as mesas, lambendo as poças de cerveja, se arrastando entre os copos vazios, entre as banquetas, fazendo fila para entrar no banheiro, mijando nas tampas das privadas e saindo sem lavar as mãos, sem dar a descarga, a última gota de mijo secando na cueca. as verdades estão cheirando mal a esta hora da madrugada.
- o que aconteceu pra te deixar assim? você não foi na balada? não pegou garotinha esta noite?
- não. não fui na balada. gosto de ficar em casa. gosto de beber. e não gosto de garotinha. gosto de mulher.
- mas nem velho me dá bola. só consigo um guri metido a poeta. metido a buk.
- nossa grande solidão. bem-vinda.
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