o único rubro-negro da aclimação
aconteceu lá pelos vinte e oito minutos da etapa inicial. foi o leo moura quem pegou a pelota próximo à risca da grande área e soltou aquela bicuda. o chute bateu no corpo de um defensor e sobrou lá nas imediações da meia-lua. a bola espirrou assim meio torta, meio quadrada. mas o juan apareceu vindo de trás e, no caminho, acertou a passada para pegar de primeira. sem chances para o arqueiro oponente. forte. e a redonda morrendo mansinha na costura do filó. no cantinho.
me levantei num pulo. quase derrubei a televisão. dei um passo e abri a porta da varanda num empurrão. me lancei pro lado de fora, debruçado no parapeito.
"campeão! campeão! campeão!"
me esgoelei. berrei cousas que já não me recordo, cousas outras, na euforia da vitória.
fiquei rouco e desabei sobre o sofá.
lá fora, nenhum grito. nenhum agito. nenhum fogo de artifício. nenhuma carreata. nenhum bêbado na porta do bar da miriam.
dormi feliz. na alegria solitária inexplicável de ser o único rubro-negro da aclimação.
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