The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

15 dezembro 2006

the lonely bolivian

fecharam o boteco do lado do supermercado dany, ali na josé getúlio, em frente à churrascaria rod luz. era um boteco sujo, escuro e fedorento. numa palavra, era um boteco escroto. bem escroto mesmo. com uma clientela fedida e desdentada. tipo umas prosts fim de carreira e uns velhos alcoólatras de índole torpe. enfim era um boteco como outros tantos aqui n´aclimação.
mas, dia desses, baixaram as portas de ferro e deixaram os pinguços no meio da rua. há mais de semana. foi uma intervenção da subprefeitura da sé. lacraram o estabelecimento e colaram cartazes anunciando a ação. acho que os fiscais da municipalidade resolveram se emputecer com aquela banquinha de jogo do bicho que funcionava desde sempre ali no boteco, logo na entrada, e aquecia a economia da região.
e só digo isso agora porque o boliviano que vende suas ervas em frente ao boteco continua por lá. ele agora fica sentado na soleira do bar. encostado nas portas de ferro baixadas. não tem mais com quem conversar. nem tem mais onde tomar uns tragos sem tirar o olho de seu negócio. agora ele fica lá, sozinho, debaixo da chuva ácida paulistana, com o olhar perdido nas alturas de santa cruz de la sierra. fica lá sentado, será que hoje vai dar jacaré?
the bolivian continua ocupando o ponto com sua barraquinha. vende cebola, alho, especiarias várias e tal. o boliviano é gente fina, assegura john pothead, ele próprio um simpatizante de evo morales. pothead certa feita comprou ali um punhado de ahuasca.
talvez eu vá lá na josé getúlio comprar um punhado de ahuasca pra mim também.

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