em são paulo, dezoito horas
cinco da tarde. horário de verão. é quando o sol, acalorado e entediado após mais uma tarde paulistana chinfrim, se embica rumo ao oeste para se pôr entre o concreto armado ali atrás da bela vista. é nesse exato momento, exatinho nesse momento vespertino, quando o sol já desce na banguela pelo zênite poluído, que seus raios enfim conseguem perfurar a crosta de fumaça industrial para aqui iluminar e aquecer e acalentar minha varanda beatnik sobre a rua loureiro da cruz, esquina com pires da mota. aproveito essa breve quentura de verão para esticar minha mofada carcaça na varanda. sento no chão da varanda e acendo um cigarrinho lights. tiro a blusa e, com o peito nu tal qual numa canção de caetano, sinto o ventinho da liberdade subir pela rua tamandaré e acariciar meu abdomem cabeludo. aproveito para pegar uma corzinha de camarão. mas com cuidadinho. espalho sobre minha tez nórdica o nivea fator azul, o mesmo de gisele bundchen, e aprecio cá de cima a bucólica paisagem d´aclimação. os operários da construção civil começam a guardar seus equipamentos e começam a fazer fila na porta do boteco da miriam atrás de nova schin a dois reais e noventa.
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