The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

22 março 2007

a happy day

- bom dia, guria. qual a boa desta quinta-feira?
- não sei. mas estou tão feliz...
- feliz? por quê?
- sim. feliz.
- mas o que diabos te deixou assim tão feliz logo cedo?
- cada manhã me deixa feliz.
- eu não. minhas manhãs são muito sonolentas remelentas bocejantes para serem felizes.
- fico feliz por aprender a viver a cada dia. amadurecer. é gratificante...
- gratificante? viver é um saco, pôrra. a gente fica gordo e broxa.
- mas o coração não muda...
- diga isso pras minhas artérias entupidas.
- nós temos que ter objetivos.
- objetivos?
- temos que querer ir pra algum lugar.
- tô bem onde estou. aqui na loureiro da cruz. nenhum lugar pra ir, brigado.
- lamentável.
- verdade. é bastante lamentável essa tua noção de felicidade.
- ah. e você não pode ficar se lamentando o tempo todo...
- auto-ajuda?
- se quiser.
- tu leu isso no roberto shinyashik ou no lair ribeiro? leu no livro do bernardinho?
- assim você não chega a lugar nenhum.
- chegar onde, pôrra? acho insolente essa necessidade fascista de felicidade.
- então tenha um bom dia...
- bom dia pra ti. e volte já para dentro do comercial do pão-de-açúcar.

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