The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

29 maio 2006

Assim falou Zaratustra (e outras ficções)


- Eu posso ser o que quiser

- Não, não pode, não pode, não pode

- Quem é você pra dizer que não posso?

- Você não pode usar pessoas

- Defina “usar pessoas”

- Usar, usar como me usou, oras

- Como assim, te usei? Você não me usou também? Ou, pelo menos, usou partes de mim

- Ah, caralho, como você é escroto e egoísta

- Sou mesmo, fazer o quê?

- Achei que você era um cara legal. Que tinha gostado

- Quem disse que não gostei? Foi sensacional

- Mas então por que não quer mais me ver?

- Gostei enquanto durou

- Mas o que há de errado comigo?

- Nada, você é ótima, muito legal

- Mas então...

- Olhe só, nos usamos mutuamente. Usar é legal. Esqueça o lado pejorativo desse verbo, o usar. Vamos todos nos usar

- Cara, você é louco. Insano

- Eu sou normal, a humanidade é louca

- Pretensioso

- Pretensão é ótimo, sem ela não se chega a lugar nenhum

- Que triste, que triste, um cara... um cara que parecia ser bacana

- Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim

- Ahn?

- Meu tempo é hoje, não existe amanhã para mim

Telefone (tum, tum, tum, tum)

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