Te troco por outra rapidinho
Tarde de calor em sampa. Mui hot. Aqui, no vigésimo primeiro andar – o escritório. Neurônios se arrastam para dar cabo desta sexta-feira. O peixe do almoço nada em minha entranhas. Quer sair. De volta à vida. Eu também. Quero respirar. Penso em mil coisas. Para o tempo, oh tempo, passar mais rápido. Sim, uma típica tarde de tédio. Nada mais. O que a torna mais tediosa é a expectativa de que tudo acabará. E amanhã será sábado. Mas, agora, é mais slow motion do que nunca. Não fumo mais cigarros, o melhor amigo dos momentos modorrentos. Sinto falta do velho (hábito) amigo. Tudo bem. Tudo passa.
Há, sim, algo a fazer. O nobre trabalho. Muitos números, a economia anda. Empresas ganham dinheiro. Não me furto ao trabalho. Eu, não. Não sou louco. Sou consciente de que nasci pra servir. Pra produzir. O que seria do mundo sem minha produção? Fim dos tempos, sem dúvidas. Produzo. Produzo. Adoro a palavra: produção. Não me importo com os sorrisos tristes dos trabalhadores. Com os rostos sulcados. Por estas rugas, passam pulgas. Do hálito amargo de café e cigarro. Do tesão ressecado. Não. Produzi como um cavalo no último ano. Vou só dar um tempo no final de semana. Sacar minha espada e cortar umas cabeças. Just have fun, pra variar.
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