The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

28 agosto 2006

Com minha angústia, regue aquele vaso de antúrios

Observei o ser humano na fachada de uma banca de jornal.

O ser humano "conectado", em "boa forma", "viajante", de "vida simples", o "gestor", o "mestre cuca", a "grávida", a "noiva", o "tecnológico", a "nova", o "bravo", o "caro amigo", o "torcedor", o "exemplo", o "fashion", o "in", aquele "que acontece", cheio de "caras" e bocas, o "superinteressante".

Senti falta do velho - do desinteressante. Sou nostálgico de algo que nem sei, que não vivi, nem viverei. Apenas me cansa o fato de o ser humano estar todo resumido ali, na fachada de uma imensa banca de jornal da Avenida Paulista.

O ser humano, o mesmo da banca de jornal, não vive sem seu handset, seu PDA, seu device. Enfim, estou falando de telefones celulares - as mais maravilhosas máquinas do mundo de hoje - que tanto me entediam. É... de hoje, do ano de 2006 - que ano esquisito para se viver. Que ano esquisito para ter uma razão. Um motivo. Para fazer qualquer coisa. Para continuar vivendo.

Quando tudo o que importa são notícias - da sua vida e da minha e da de todos - impressas em revistas, embrulhadas em plásticos, vendidas em bancas de jornal.

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