The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

11 agosto 2006

trapaças sensacionais

esticando a marcha na segunda volta, estranhei como estava vazio o circuito oval do aclimation park. pensei que pudesse ser o pececê a explodir agências bancárias por aí. mas os bancos da aclimation avenue - um dos maiores centros financeiros da latino-américa - estavam tranqüilos minutos antes. pude pagar sem estresse meu aluguel beatnik no caixa automático do bradesco, afim de assegurar o lucro de três bilhões anuais da sólida instituição bancária. um envelope com cheque, por obséquio, conta-corrente e número da agência ali à mão, aguardando a impressão do comprovante de pagamento. e nada me ocorreu. nem sinal dos amigos de marcola. ah, e também estava como habitual o movimento à porta do mansour lanches. vazio. mas lá é sempre vazio. os adolescentes obesos que viram a noite na monkey lan-house preferem os sandubas de isopor do mc donald´s. portanto só na segunda volta pelo circuito oval do aclimation park me dei conta de que este era um estranho final de tarde na megalópole superpovoada. o recanto do saci estava vazio. criança nenhuma brincando por ali. a várzea do poeirão estava vazia. boleiro nenhum dando suas caneladas. ninguém em lugar nenhum. a colônia coreana tinha deixado o aclimation park vazio. podia até ouvir o cantar dos melros no cio. arrepiado diante da inexistência humana, tragicamente absorto pela solidão no meio do mato, interrompi pela metade meu jogging anaeróbico e subi correndo, de dois em dois, os degraus que levam à praça jorge cury. quase enfartando, quase sufocando, ainda mantive a carreira pela turmaline avenue. nem tive tempo para reparar os arbustos ornamentais da praça general polidoro, permanente e diligentemente regados pelo mijo canino.
foi quando o segurança do puteiro carmencitas se intrometeu em meu trajeto. plantou-se no meu caminho.
- o señor conheces maria joaquina?
- sim. verdad. ela posou pelada dia desses. será que o cirilo viu a revista?
foi quando o brutamontes deu um passo à frente, me pegou pelos braços, me jogou de costas no asfalto num mata-leão e chutou minha bunda puteiro adentro. cantando a antiga canção: embarque nesse carrossel, onde o mundo é faz-de-conta, a terra é quase o céu...

|