The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

22 outubro 2006

casinha de sapê

conheces a aclimação? the aclimation hill, no coração da selva tropical de cimento e telhados de zinco quente? fica pertinho do mar. fica a um engarrafamento do atlântico. te digo que a única brisa que bate aqui é bafo quente de asfalto no verão. mas o domingo é um dia bonito. todo dia é domingo se o sol consegue vencer a barreira de fuligem industrial.
te digo que sou poeta urbano. por isso gosto de asfalto quente e fuligem industrial e tal.
e acho infame as pessoas que ligam pra casa dos outros antes das dez da manhã.
"isso não é rock
isso não é rock and roll
morte ao playback, eu quero ver...
será isso rock?
será isso rock and roll?
será que é só?"
a corrida. entende, carrinhos e tal? acho estilo. o cheiro de gasolina queimada, de borracha ralando no asfalto. o esporro dos carros, os motores explodindo óleo na pista e as batidas toscas. é tudo poesia urbana. giancarlo fisichella. ah, sim. e a multidão também. o engarrafamento de pessoas e ônibus na saída de interlagos.
então tu curtes ficar sozinha? me disses que, se fizesse poesia, seria tipo um monet. o monet, o pintor? gosto de suas paisagens evanescentes em fiapos de memória. sua bucólicas paisagens de domingo. e como seria uma poesia monet? falar na natureza, escrever sobre a natureza.
bacana. acho o arcadismo necessário em dias industriais. bacana, te disse, e por isso gosto de caeiro. o guardador de rebanhos. um emprego demodê nowadays.
"eu quase não saio, eu quase não sei de nada
sou como rês desgarrada
nessa multidão, boiada caminhando a esmo"

|