the freakin´ nights
o poeta do asfalto desceu a pires da motta de escapamento aberto e faróis desligados. "volta pra cadeia, seu filha da p*ta", gritou a mulher na porta da pizzaria mulholland drive, em tom de despedida. "vai arranjar outro homem pra ti, tua vagabunda", respondeu o poeta do asfalto, em versos livres, saindo da pizzaria, atravessando a calçada mijada, prestes a abrir a porta da brasília verde oliva ali estacionada torto. "vou arranjar um homem de verdade", ela jurou, quando o poeta já fechava a porta da brasília numa porrada enferrujada. "vai embora, seu bêbado! vai embora!", apareceu o terceiro elemento - possivelmente um homem de verdade, e sóbrio o suficiente para só entrar na querela quando o poeta já batia em retirada. a brasília (roubada?) ainda engasgou duas vezes antes de, num solavanco alcoólico, descer a pires da motta rasgando a madrugada num flato aerodinâmico de seu motor. "filha da p*ta", a mulher ainda repetiua esmo, envolvida numa nuvem de gasolina queimada e fuligem volkswagen. "vem pra dentro", conciliou o homem de verdade, num abraço carinhoso, levando a titubeante pinguça pra dentro da pizzaria mulholland drive, pouco antes de baixarem as portas de ferro.
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