highlands
noite de segunda-feira no coração da aclimação. my heart is in the highlands, e uma viatura policial desce macia a rua pires da mota, com os cops empoleirados atrás das portas de lata, arma quente no coldre, espiando pelas janelas, encarando os cidadãos do tipo suspeito ali na porta da pizzaria mulholland drive. o forró escapa pelas chaminés da pizzaria e, misturado à fumaça de carvão, chega ao nono andar do the double tree park. uma distância segura, de onde mr john pothead encara de volta os guardas on parede. apresenta o dedo médio e ergue o braço empunhando o sinal obsceno como quem brande um instrumento de libertação. "enfia na b*nda, cop coalira", sugere the potman, algo perturbado diante dessa cena alckiminiana. acendo um cigarrinho - the marlboro lights - e comento, em tom apaziguador, "be cool, man, be just like the relax man". logo eu falando isso, the angry young man do double tree. para abafar tamanha contradição e embaçar o forró mulholland, estico o braço e aumento bob na vitrolinha. my heart is in the highlands, i will go there when i feel good enough to go. "que dia é hoje?", pergunta the pothead himself, apoiado na balaustrada beat. hoje é segunda-feira. hoje é dia nove de setembro, digo, de outubro. mas e daí? vai comentar agora que oh-o-ano-já-está-acabando-não? e daí? "não importa a data. todo dia é igual ao anterior, é igual ao seguinte", conclui the pots, o olhar vermelho perdido no asfalto selvagem onde antes deslizavam arredios the cops. por um momento, receei silenciosamente que o camarada estivesse sentido falta de seu old job, falta do mercado corporativo, falta da mídia eletrônica em tempo real. algo assustado com a hipótese, respiro fundo e encho os pulmões de neblina, tomando fôlego para a inevitável pergunta e... "vamos cair na estrada. cair na estrada. sem grandes emoções. só ver gente. pelas cidades do interior. ficar em pequenos hotéis. ver gente de verdade, the real people, sei lá qual é." my heart is in the highlands, the only place left to go.
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