The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

24 novembro 2006

Vida burguesa

Fico aqui de seis às duas. É o meu horário. Acordo às cinco da manhã. Arrumo um pão-com-queijo. Ou pão com manteiga. Daí o João. Sabe o João Batista da limpeza? Um magrinho. Ele faz café lá na copa. A gente compra o pó e o açucar. Aí como pão com a café. É bom. Forra o estômago. O Adriano traz café-com-leite da casa dele. Fumo quase uma carteira de cigarro quando estou aqui. Ajuda a passar o tempo né? Mas o movimento é grande. Toda hora tem gente entrando, gente saindo. Leio umas revistas velhas aí. E tem essa tevê também. A gente vai fazer uma vaquinha e comprar uma a cores. Essa aqui é muito ruim. De tarde vou pra casa, faço almoço. Arroz, macarrão, às vezes um frango. Isso aprendi a fazer. Só não sei passar roupa. Até hoje não consigo. Pago uma mulher pra lavar e passar. Às vezes fico aqui depois do trabalho. Tenho muito amigo zelador, porteiro, aqui no bairro. Fico conversando no barzinho de um camarada ali na Rua Saturno. Em casa eu limpo as gaiolas dos passarinhos. Tenho três passarinhos. Eles fazem uma sujeira... Depois, dou uma cochilada. Até a mulher chegar. Ela chega umas sete. Trabalha de doméstica na Vila Clementina. Daí eu janto, vejo uma novelinha. E então bate um sono. Sabe como é, a gente que acorda cedo. Dá um sono. No fim de semana, fico mais na tranquilidade. Esse sábado fui na casa do meu primo. Ele mora lá Amaral Gurgel. Lá no centrão. Sabe? Fazia tempo que não ia lá. A gente deixou as mulheres em casa e fomos no boteco. Eu tomei uma cerveja e ele um conhaque. Mas é só isso mesmo.

|