the poetry as a refusal to indulgence
- bom dia, guria. tu curtes poesia?
- adoro.
- que bacana. pois sou poeta.
- então faça uma poesia pra mim.
- desculpe. mas não funciona assim, né?
- como então?
- primeiro eu teria que te conhecer. ou, pelo menos, entrar em contato com uma parte de tua personalidade que desperte em mim o instinto poético. entende? do contrário, seria apenas poesia pré-fabricada e não aquilo que deve ser um poema em verdade, a expressão poética do que tu passas para mim, do que sinto por ti... a expressão poética de algo, de qualquer coisa entre nós dois..
- mas isso demanda tempo. demanda uma relação...
- não te disse que ser poeta é um trabalho fácil.
- mas por que simplesmente não inventa uma rima para mim e coloca palavras bonitas?
- porque, então, a poesia estaria longe daqui.
- nada. a poesia seria bela.
- seria uma farsa.
- seria romântico.
- verdade. seria. mas acho que sou parnasiano.
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