observatório da imprensa
"dos trezentos dólares em dinheiro fornecidos pelos editores da revista, quase tudo já tinha sido gasto em drogas altamente perigosas. o porta-malas do carro mais parecia um laboratório móvel do departamento de narcóticos. tínhamos dois sacos de maconha, 75 bolinhas de mescalina, cinco folhas de ácido de alta concentração, um saleiro cheio até a metade com cocaína e mais uma galáxia inteira de pílulas multicoloridas, estimulantes, tranqüilizantes, berrantes, gargalhantes... além de um litro de tequila, outro de rum, um caixa de budweiser, meio litro de éter puro e duas dúzias de amilas.
tudo isso tinha sido coletado na noite anterior, durante um passeio em alta velocidade por todo o condado de los angeles, de topanga a watts, pegando qualquer coisa em que conseguíssemos pôr as mãos. não que precisássemos de tudo aquilo para a viagem, mas, quando alguém se dedica de verdade à tarefa de montar um suprimento de drogas, a tendência é levar a coisa a sério.
só o éter me preocupava de verdade. nada neste mundo é mais inútil, irresponsável e depravado que um homem completamente chapado de éter. e eu sabia que não iria demorar muito para que nós usássemos aquela porcaria. talvez acontecesse no próximo posto de gasolina. já tínhamos experimentado quase tudo, e agora... sim, havia chegado a hora de dar uma boa cafungada no éter. e então dirigir por 150 quilômetros num estupor horrendo, babando como se tivéssemos paralisia cerebral. quando alguém está chapado de éter, a única maneira de se manter alerta é tomar um monte de amilas - mas não de uma só vez. tem que ser aos poucos, apenas para manter o foco enquanto cruzamos barstow a 140 por hora.
'cara, é assim que se viaja', comentou meu advogado, e se inclinou para aumentar o volume do rádio."
(hunter s thompson)
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