The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

16 janeiro 2008

the poetry as a socially contagious disease

- bom dia, guria. me digas aí, tu curtes poesia?
- ah. há tempos não via mais o poeta. andou sumido?
- verdade, pequena, verdade. às vezes a poesia te impõe um certo distanciamento.
- então andou por aí? a fazer poesia sozinho?
- andei calado. andei amuado. como se a poesia, de repente, me faltasse.
- mal maior não deve haver para um poeta. imagine, faltar-lhe a poesia...
- a poesia tem suas próprias vontades.
- decerto. eu só acredito na poesia que enlouquece o poeta.
- hey, guria. fique quieta.
- que grosseria! me mandar calar... essa não é atitude de um poeta!
- deixe de palavreado. não tome pra si as frases do verdadeiro poeta. eu que o diga: só acredito na poesia que enlouqueça o poeta. pôrra.
- não posso eu mesma tecer meus aforismos sobre a poesia, oras?
- pode. pode sim. tem razão. percebo que é a minha poesia se manifestando em suas palavras. perceba, guria, como a poesia é contagiosa! minha poesia escapa de mim. é maior que eu mesmo. a poesia, guria, é irrefreável em sua própria vontade, em suas diversas manifestações. tão imensa que me escapa. tu és o veículo de minha poesia por estares aqui perto de mim.
- egotrip de poeta é de foder.
- belo aforismo, belo aforismo. sinto isso que tu dissestes como se eu mesmo o houvera dito. obrigado.
- de nada, poeta.

|