The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

07 janeiro 2008

pothead in blue

Tenho uma caixinha de madeira marchetada, com um desenho estilo “oriente antigo”. Preta e dourada. Tipo porta-jóias. Não era minha, mas de alguém que tinha uma coleção delas. Mas esta ficou, pois é onde guardo meu kit baseado. E as pontas. Enfim, um cemitério, se é que me entendem. Hoje juntei as pontinhas, pois meu bagulho acabou. Decidi parar de fumar, só por uns tempos. Decidi ficar doidão do jeito mais extremo, que é não usar nada. Ficar de cara. Straight. Não é resolução de ano novo. Sempre tenho essas idéias quando a parada acaba. “Vou dar um tempo”. Normalmente dura pouco. Uma semana se muito. Tenho trabalhado à beça e ficado chapado o resto do tempo. Agora preciso da mente mais afiada, pra olhar a vida com clareza. Pra trabalhar mais, juntar mais dinheiro. Não que eu queira. É apenas porque “não há outro jeito”, como dizem por aí. Trabalhar muito e juntar dinheiro é bacana. Compra-se coisas. Mas eu tenho uns efeitos colaterais sérios. Fico de mau humor, sem inspiração e a convivência excessiva com o ser humano em ambiente laborial me causa náuseas e depressão. Há pouco fumei minha última bagana. Amanhã estarei pronto pra chutar alguns demônios, com os olhos firmes e brancos.

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