the poetry as a inner silence
- oi, guria. bomdia pra ti. acordou cedo, hein? vai à missa?
- pois é. estou esperando companhia... queres ir comigo?
- desculpe, pequena. mas eu não frequento missas. é contra a minha religião.
- então por que você acordou assim tão cedo em um domingo?
- o silêncio me acordou.
- como assim?
- todo domingo acordo bem cedo. porque sinto falta das marteladas da construção, das buzinadas do trânsito. sinto falta do barulho todo.
- eu acordei cedo por que adoro o silêncio das manhãs de domingo. não vou perdê-lo dormindo.
- te digo que esse silêncio todo me deixa agitado.
- agitado? por que? você é neurótico?
- não, guria. não sou neurótico. sou poeta.
- ah. adoro a poesia.
- e eu tento mas, com todo este silêncio, já não consigo mais ouvir a minha poesia.
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