the swimming pool
gosto de cortar minhas unhas debruçado na murada de minha varanda beat. cortando com thrim e vendo as partículas de unha saltando no ar e caindo lá lá lá embaixo. bem porco, tu me dirias, mas creio que as partículas de unha se desintegram antes de atingir o solo - tu sabes como são os ares de são paulo.
então estava eu lá, debruçado, entretido em minha atividade manicurística. arranco um pedaço particularmente suculento de unha do dedo médio da mão esquerda e espio sua queda vertiginosa pensando que esse pedaço, grande desse jeito, não se desintegraria, não, antes de tocar no chão... assim olho lá pra baixo e... uau... vejo uma baita de uma moça gostosa.
a guria se espalhando no deck da piscina, deitada na espreguiçadeira, apenas duas tiras ínfimas de pano quadriculado (a que chamam de biquini) resguardando a parte mais íntima, menos bronzeada de seu corpo. muito gostosa, a guria. posso aferir sua gostosice mesmo daqui de cima, décimo-sexto andar, mesmo com minha vista cambaleada pela miopia e turvada pela tesão. a gente percebe quando tem uma gostosa olhando pra ti, mesmo o mais avoado dos poetas percebe esse tipo de troço.
porque ela olhava pra mim, sim, me fitava lá de dentro de seus óculos escuros chanfrudos, olhava para mim aqui em cima, provocando, flertando despudoradamente, sentido-se desejada, sentindo cair em seu umbiguinho um pedaço tesudo de minha unha recém-cortada, por ela extirpada, nesse contato promíscuo e improvável entre o voyeur e o objeto de sua afeição. a vertigem.
te digo que me detive com minuciosa atenção a cada unha, depois lixei as pontas, as arestas, com cuidado e diligência, como se explorasse, com malícia e abnegação, o corpo bronzeado da gostosa do double tree park nesta tarde de sexta-feira temperada por ócio e luxúria. porque a moça, ainda insatisfeita com nossa troca de olhares, virou-se de bruços num movimento sinuoso, delgado, pensado a cada instante, até empinar o bumbum macio (adivinha-se-lhe a maciez) e soltar a parte de cima do biquini. o lacinho desatado liberando por inteiro suas costas nuas ao calor carinhoso do sol, ao olhar desejoso do poeta.
foi quando ela suspirou. percebi ter suspirado pelo breve arquear dos ombros e do pescoço, o rosto encostando fundo na toalha estendida entre seu corpo e a espreguiçadeira, deitando sua face levemente corada e ali por fim apaziguando a cabeça, fechando os olhos num frêmito de desejo, liberando um quase sorriso na ponta dos lábios, salivando, de leve, um pouquinho.
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