The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

30 outubro 2008

the joy of a lazy afternoon

aconteceu-me um evento bizarro dia desses. out of the blue.
tipo do troço que era, que é, perfeitamente previsível - e diria mesmo legítimo - de se suceder, mas que, não obstante, me pegou desprevenido na hora e me deixou meio zonzo por um tempo.
foi quando eu estava dando um rolê pela aclimation avenue, distante um par de quarteirões aqui de nosso the double tree park. era uma tarde de terça-feira e, se não me engano, ainda estava a ruminar um dos cookies de chocolate assados pelo john pothead. a digestão do cookie, já foi dito, é um processo lento que te ocupa tanto a flora intestinal quanto as idéias da cachola. então tu fica ali, um pouco perturbadão, mas de boa na tarde da terça-feira.
eu estava sentado na parada de baú, perto da churrascaria laço de ouro, assistindo ao movimento das gostosas. muitas gostosas moram n´aclimação. é bacana ficar di boresti numa tarde dessas, que as gostosas passam aqui e aí sem nem perceberem os compridos olhares em homenagem. gosto demais de ver uma gostosa desatenta à própria gostosice. esses momentos de desatenção, de desarme, fazem até uma guria bonitinha ficar bem gostosa. tu me entendes.
a japinha esperava o baú de pé na calçada. poderia ficar aqui, sentada ao meu lado no ponto, mas acho que ela me tomou como molestador. ou sentiu o bafo do cookie. ou sua família a proíbe de sentar-se perto de ocidentais em lugares públicos. a saber.
a japinha ficou de pé, trocando de perna, impaciente e sensual sobre seus tamancos fashion, a calça jeans, bem apertada, não deixando espaço pra imaginação. o vento d´aclimação soprando sua camiseta ao encontro do busto miúdo em sua alvura revelada ali debaixo do pouco pano. ela bem que ficava muito bem, vista assim de perfil, no ventinho, não posso te negar. talvez por isso não quisesse se sentar.
a japinha tomou o elétrico que segue no rumo da sé.
e eu levantei e fui embora então.
levantei na buena, meio devagar, meio troncho nas idéias, ainda pensava na japinha quando dobrei a esquina em frente à churrascaria e, na mesma calçada, dei de cara com o brito.
e com a senhora brito. os dois juntos. o casal brito juntinho, dando um agradável rolê pel´aclimação. os dois britos estavam em silêncio, possivelmente tinham acabado de brigar, instantes antes de darem de cara comigo na esquina fatal. te digo que tentei disfarçar minha perplexidade com um aceno, leve menear, e um gentil porém descompromissado "olá, como vão?" dito de passagem. o casal brito, cortês, me retribuiu com um delicado aceno de cabeça, um quase meio sorriso, e seguiu descendo a pires da mota.

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