the gravity´s rainbow
hoje é dia de maria rosa. dia de faxina aqui no meu esconderijo beat. os minuciosos leitores deste tpb já sabem como é minúscula minha unidade residencial deste aprazível the double tree park. então, quando a maria rosa bate aqui, o que eu melhor posso fazer é vazar. deixar a área livre para a maria rosa agir com seus esfregões e suas orações. me despeço dela e vou alii dar um rolê pel´aclimação. hit the road, jack. caçar o que fazer. estou a descer de elevador quando me estala uma daquelas idéias que fazem fumacinha. ora, então porque não mandar como desjejum aquele cookie de chocolate que me sobrou da última semana? derradeiro remanescente da fornada que o john pothead fez dia desses, e que ele não achou lá grandes cousas - pensa em acrescentar umas passas na próxima vez, queimou um pouco no forno, tinha um ovo a mais do que dizia a receita da ana maria braga - mas te digo que o que talvez falte de paladar ao biscoitinho sobra de... bem, tu sabes.
dez da manhã, olho no relógio, boa hora pra getting high.
desço a rua pires da mota no embalo. descer é de boa. quando reparo, estou perto da p*taquepariu, quase glicério, onde tem um colégio público e a molecada matando aula pelos botecos ao redor. gosto da doceria redentor. quero dizer, não sou doido de comer qualquer cousa que saia de lá, mas gosto do prédio detonado, looks like a squat, de janelas quebradas e paredes pichadas até o sexto andar. gosto dos moradores, com aquele ar ausente, jeitão de quem queimou uma merla faz pouco. a molecada do colégio também deve curtir, aglomerados aos bandos à frente da doceria, matando a lariquinha da manhã. sigo até ali adiante e me esparro num dos bancos do largo nossa senhora da conceição (acho que é esse o nome, algo assim, sei lá, não sou bom cristão) onde dois pivetes (um branco e loiro de olhos verdes e um do tipo laranjinha & acerola) jogam tênis sem raquete e sem rede. muito antonioni da parte deles. batendo na bolinha com as mãos. te digo que acho chique de ver um esporte assim. conceitual. bacana por cinco minutos. como qualquer troço conceitual. então espicho o corpanzil, estalo os joelhos e vou dar uma banda.
quando dou por mim, um mísero instante despues, estou andando pelo parque da aclimação. muito doido que colocaram uma placa à beira do aclimation lake. dizendo ser a água imprópria para banho e/ou consumo humanos. a palavra "humanos" é necessária, pois os patos de três asas parecem bem à vontade entre os dejetos industriais. patos peidam.
sento debaixo duma árvore. a ser hyldon. tento ler meu livro do cortázar. não entendo palavra. leio o parágrafo novamente. entendo lhufas. salto uma resma de páginas e tento outra passagem mais à frente. incrível. entendo menos. falta a tesão, sabes?
respiro baixinho porque sou massageado por três ninfetas semi nuas. estou esparramado sobre um baita colchão king size, daqueles pra fazer p*taria, the surubs style. fecharam o balneário vison em homenagem ao grande poeta beat da loureiro da cruz. nã, eu não sou o jack kerouac! aquele biriteiro. eu sou o thomas pynchon, p*rra! beat happening no puteiro. john pothead lê allen ginsberg de dentro da jacuzzi, abraçado a duas orientais. quando me lembro que tem uma guria agarrada em cada perna minha, a morder de leve, a passar em mim o macio óleo de amêndoa que lubrifica a libido. a terceira guria tira as botas de couro e sobe em minhas costas, galgando meu corpo a partir das omoplatas e seguindo ligeiro até o cóccix. caminha sobre mim, pisando forte sobre as minhas costas com seus pezinhos delicados trinta e seis. peço que deixe disso, peço que calçe as botas. oras. como eu fosse o tapete de urso que ela ganhou na última caçada. o grande urso polar. e dói. this just might hurt a little, love hurts sometimes when you do it right, don´t be afraid of a little bit of pain, pleasure is on the other side. dói macio.
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