The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

16 outubro 2008

that´s what salvation must be like after a while

dirigir um carro. te digo que já tinha me esquecido do quanto há de tédio nessa experiência automotiva. passeando aqui pelo autorama de brasília. varando a asa norte até o lago sul, início de madrugada. os sinais piscando ao infinito. preciso deixar o carro reto, segurando o volante e cuidando das linhas marcadas no asfalto. mas também é preciso fazer as curvas quando é o momento de se fazer as curvas. às vezes tu ainda tem que dar uma desacelerada quando é de se fazer as curvas. e mudar a marcha, então, p*ta trabalho chato, apertar a embreagem com o pé e deslocar o câmbio da posição a para a posição b, soltar a embreagem na maciota, calculando por instinto, sem nem pensar, a exata e minguante pressão exercida pela sola do pé. o câmbio, largado na banguela para a descida até a ponte costa e silva (adoro esse nome ligado a nossa história). o objeto fálico comanda o motor e pode fazer engasgar a belezura automobilística em plena ponte. o lago logo ali. então te digo que respeito a dinâmica, a engenharia, e levo o carro adiante, levemente assombrado com a fluidez de seus movimentos, mas as pessoas não andam a pé em brasília. tento me manter acordado, manter o carro no rumo certo, dentro dos limites asfaltados da estrada parque dom bosko que não termina nunca, não termina nunca. eternity must be a highway. a eternidade a ser uma auto-estrada.

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