a hard rain´s a-gonna fall
saudades d´aclimação?
pois te digo que aqui no lago sul não pára mais de chover. quer dizer, chover seria bakana até. aqui no lago sul não pára mais de garoar.
como na grand ciudad do sudeste. aquela água fininha e molhada, aquele vapor d´água que venta de todos os cantos, venta até de baixo pra cima, e vem se condensar nas lentes de teus óculos.
não chove, nem sai de cima. aquela garoinha pentelha a embaçar a manhã inteira, a noite inteira também.
te digo que hoje mesmo acordei faceiro, em grande forma atlética, naquele clima para dar uma saudável caminhada pelas arborizadas e bucólicas ruas do south lake. mas com essa chuva, a valer, ir até o alpendre já está louco de bom.
na agora distante aclimação sempre é plausível dar uma caminhada, troço chato, disfarçada de algo útil. ir até o metrô, ir até a paulista, ir até o centro cultural, ir até a liberdade, ir até o aclimation park, ir até a parada de baú, ir até o supermercado dany que seja. aqui em brazilya-df, no entanto, não tem dessas facilidades, não. tu não vai a pé fazer nada, não aqui no automotivo lago sul. reality bites.
ontem mesmo, oito da manhã de domingo, andei por cinquenta - contados - cinquenta minutos costeando a dom bosko freeway até topar com outro pedestre. foram kafkianos cinquenta - verdade - cinquenta minutos. não é modo de dizer. não é figura de linguagem...
não é exagero de retórica. parecia que eu entrara num universo paralelo, sabe?, um universo bizarro, onde os homens foram substituídos por máquinas semoventes de vidros fumê e carcaças blindadas, a rolarem pelo asfalto sobre compostos de borracha firestone.
eu vi o futuro, baby, e ele cheira a gasoline.
de modo que, encerro por aqui, sair pra dar aquela caminhadinha matutina neste aprazível lago sul, sob garoa e entre os carros do grande autorama, é mesmo um baita exercício de obstinação, tenacidade e espírito esportivo.
bueno. vou ali então. orgulhem-se de mim.
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