The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

11 fevereiro 2009

(i don´t stand) a ghost of a chance with you

“Esse difícil costume de que esteja morto. Como Bird, como Bud, he didn´t stand the ghost of a chance, mas antes de morrer disse seu nome mais obscuro, manteve longamente o fluxo de um discurso secreto, úmido daquele pudor que treme nas estelas gregas onde um rapaz pensativo olha para a noite branca do mármore. Ali a música de Clifford circunscreve qualquer coisa que sempre escapa no jazz, que quase sempre escapa no que escrevemos ou pintamos ou desejamos. De repente sente-se já pela metade que esse trompete, que busca com um cálculo infalível a única maneira de ultrapassar o limite, é menos solilóquio que contato. Descrição de uma felicidade efêmera e difícil, de uma sustentação precária: antes e depois, a normalidade. Quando quero saber o que vive o xamã no mais alto da árvore de passagem, cara a cara com a noite fora do tempo, ouço mais uma vez o testamento de Clifford Brown como um bater de asas que dilacera o contínuo, que inventa uma ilha de absoluto na desordem, onde ele e tantos mais estamos mortos.”
(julio cortázar)

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