the poetry as the only ambition left
- olá, guria. me diz... tu curtes poesia?
- adoro poesia...
- que bacana. te fiz essa pergunta por que sou poeta.
- poeta? mesmo?
- sou poeta beatnik. me diz... tu curtes poesia marginal?
- não estou bem certa do que seja isso.
- me refiro à poesia urbana que...
- você fez o curso de letras?
- não... letras, por quê? sou poeta. não sou professor.
- mas em que você trabalha?
- trabalho com a minha poesia.
- e além da poesia?
- além??
- a poesia dá dinheiro?
- bueno. assim nesse sentido que tu dizes, não me dá dinheiro algum.
- você não tem um emprego?
- emprego, tu dizes, emprego emprego?
- como você se mantém se não tem um emprego?
- vivo da mão para a boca.
- explique...
- sabe aquele lance de comprar uma casa, ter um carro bacana, comprar belos móveis e pagar as prestações para uma tevê grandona e tal? sabe casar e ter filhos em bons colégios e planos de saúde para família inteira com visitas semestrais ao dentista?
- sei...
- então. não faço nada disso
- como você faz?
- como te disse, vivo da mão para a boca
- então você não é ambicioso?
- ah. isso eu sou. eu sou extremamente ambicioso
- então?
- minha ambição é minha poesia.
- digo ambicioso por melhorar na vida
- exato. este é o ponto: minha poesia é minha vida
- ah. que bom para você...
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