o poeta miserável & o bom deus
- oi, rapaz... como está você?
- de boa.
- me diz... então é você... o poeta?
- digo que sou poeta. mentira. sou mesmo é um vagabundo.
- duvido. você é... sim... um grande poeta.
- poeta é a p*rra.
- que linguajar... senhor poeta...
- guria, achas vulgar o fato de eu ser vagabundo e dizê-lo sem crise?
- claro que não... todos nós temos uma forma de... romantismo.
- meu romantismo não é poesia. é vagabundagem.
- você... me faz uma poesia?
- sem chances.
- não quer declamar uma poesia... pra mim?
- não agora. obrigado.
- deixa disso, poeta... vamos rir.
- me desculpe, mas não há nada pra se rir.
- não há... do que rir?
- nada pra se rir. na minha poesia urbana, não há nada.
- penso diferente...
- sim. já percebi. e não apenas nisso. abraço.
- acordo muito feliz... e agradecida a Deus por um novo dia... pensa nisso! como poeta, devia saber...
- deus?
- não, deus, não... é sim Deus!
- me poupe de sua imaginação pueril. abraço.
- pode deixar.... está poupado... se Deus perdoa, imagina se eu nao perdoarei um simples mortal.
- obrigado pelo seu perdão. mas não o pedi. então o guarde pra ti.
- nem precisa pedir.... é Deus... no meu coração... que o perdoa gentilmente.
- deus no teu coração? que egotrip pesada, hein?
- oh, poeta... você está atacado demais hoje... não?
- pesada estás tu, com deus te entupindo as coronárias. vá tomar um sonrisal.
- ah... Deus entende você.
- abraço.
- um abraço... vá com Deus...
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