The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

05 julho 2009

monk

gosto de faca afiada. a lâmina se assemelhando ao risko permanente da vida. abri uma bisnaga de patê de fígado e, quando ia cortar o pão amanhecido, a faca deslizou para meu dedo.
o dedo indicador esquerdo. esguichando sangre. gore.
a dor no dedo a latejar se assemelhando ao risco permanente da vida, já o disseram antes de mim.
enrolei o dedo num papel higiênico (limpo) e arrematei o kurativo com fita durex.
agora não posso mais coçar o nariz direito, nem catucar cerume nouvido. estou treinando o mindinho/minguinho para assumir essas tarefas pelos próximos dias. responsa. talvez responsa demais para o mais diminuto dos dedos. a ver.
e a batucar aqui no teclado - só sei usar dois ou três dedos - o indicador direito e justamente o indicador esquerdo dão conta da tarefa em velocidade bopper, num improviso jazzy, com a velocidade ascendente compensando o pouco esmerilho. taquigrafia, taquicardia. às vezes também o dedo médio direito entra nessa vibe, mas só mesmo nos momentos de maior entrega, maior ênfase no texto, maior verborragia, quando sem pensar, nem reagir, o dedo médio se vê catado na torrente verbal e de repente - pom - mete a fuça numa tecla, para completar a palabra exacta, perigando errar de tecla, errar de letra, esquecer la palabra, pelo simples desengonçar do gesto nunka treinado ou pensado.
o dedão da mão direita às vezes é útil também - mas só para disparar a barra de espaço.

|