The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

31 julho 2007

books for africa

porque eu tinha inventado de escrever mil cousas e aprontar frilas e agitar programas de rádio e marcar sessões de photos e programar viagens gonzo interestaduais de baú e conhecer pessoalmente novas gurias interestadualmente e telefonar pra antigas pessoas paulistanas que se lembrassem de mim e não me dessem como morto e perdido na grande ciudad.
porque eu tinha inventado de comprar sofá-mesa-banqueta e esperar o carreto da loja de móveis para decorar meu novo apê beat e tinha que desenhar um móvel pra tevê e devedê e playstation que fosse bonito e barato e bacana de encomendar pro marceneiro da rua apeninos e tinha que pedir pro joão batista subir pro 901 e ajeitar a válvula da privada que não se enche mais de água e tinha que ligar pro moço da consul pra ajeitar geladeira e microondas e tinha que ligar para a eletropaulo para saber o número da conta de luz deste mês que eu perdi esqueci larguei pra trás em algum sofá de três lugares da grande loja de dois andares onde eu fui comprar sofá-mesa-banqueta. e a conta de luz já vence amanhã.
porque tinha que desenvolver uma nova tática, fácil e rápida, de abrir a porta para a dona maria rosa, que chega muito cedo, cedo demais, tipo sete da matina de terça-feira, e não tem quem abra para ela a porta do 1604 se eu ainda estiver deitado e dormindo semimorto no colchão com os dois tampões de ouvido enfiados dentro das aurículas roçando nos meus tímpanos e fazendo reverberar em meus ouvidos o sangue que bombeia do coração para as artérias e as demais bifurcações do sistema circulatório que ainda me mantêm vivo.

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