the wuthering highs
não quero mais sair de casa. o vento, quando dobra a esquina da pires da mota, passa ventando muito forte. nunca tinha reparado. no alto do décimo sexto andar, o vento da pires da mota assovia mais alto que as britadeiras d´aclimação. percebi ontem de noite. duas da manhã. enquanto o fog cáustico descia do céu derretendo as antenas de tevê e derrubando helicópteros. abri a porta de meu avarandado beat e petrifiquei na espinha ao colocar os pés do lado de fora. o vento rachando pelas paredes do the double tree park. fechei a porta e o vidro pareceu estufar às minhas costas, embarrigando, quase rebentando de tanta pressão. encolhido sob o edredon hipster de meu quarto, selado e vedado e isolado acousticamente, conseguia espiar dali o vento ventando de longe até bem pertinho... pude espiar pelo som que o vento levantava, fazia zunindo entre os arranha-céus paulistanos. arranha-céus, arranha-ventos. o décimo sexto andar é muito alto para um beat do planalto. too high, too dry. nunca mais sair de casa.
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