The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

29 janeiro 2008

berna beat´s day out

hoje é dia de sair de casa.
uma vez por semana eu saio de casa.
não convém sair mais do que isso, porque muita gente e muita urbanidade cansam minha sensibilidade aflorada de poeta.
então gosto de sair de casa uma vez por semana, não mais.
aproveito para pagar as contas (não há poesia no dinheiro) e para detonar uma picanha no rodluz (reabriu depois de um mês em férias coletivas) e para me entregar a impulsos consumistas (que ainda atormentam minh´alma íntegra).
mas escolho com cuidado o dia para sair de casa.
porque tem dia que a cidade está especialmente encabeçada por algum motivo obscuro. tem dia que é mais bacana ficar em casa entretido com minha poesia delirante. tem dia que é mais bacana ficar em casa jogando oito partidas seguidas de winning eleven. tem dia que, não tem jeito, preciso entregar logo algum peido jornalístico mesquinho para ter grana (não há dinheiro na poesia). tem dia que o sol é de rachar e a poluição até parece mais espessa. tem dia em que as pessoas vêm me visitar. e tem dia em que prefiro nem sair da cama.
então tinha escolhido, já havia alguns dias, que hoje era dia de sair do 1604.
até porque hoje tem maria rosa. e dia de maria rosa em casa é dia de casa com os móveis arrastados, o piso molhado, o banheiro interditado. dia de faxinão radical e cheiro de álcool. dia de maria rosa em casa é dia de rádio ligada em novenas e hinos religiosos.
então este dia de hoje, de fato, é um bom dia para sair de casa.
um belo dia de verão, por que não?
mas chove forte n´aclimação. o sol nem foi visto. a chuva pinga molhada há algumas horas. e o radinho de pilha de maria rosa segue tocando, tocando baixinho, sua ladainha católica. hoje é dia de culpa cristã n´aclimação. dia de chuva.

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