The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

11 abril 2008

sweet home aclimation

pois foi ontem à noite, lá pelas dez horas, que bati aqui às portas do the double tree park. depois de duas semanas pagando de poesia beat por aí. depois de doze horas de estrada in a row e hum mil quilômetros rodados a velocidades estonteantes, com direito a um chope em ribeirão preto. sempre gosto de voltar às ruas da aclimação. às ruas e aos seus mendigos, seu pequeno comércio derrota de cada esquina, seu baita canteiro de obras a cada quarteirão. oh, a aclimação. te digo que mal consegui dormir esta noite. quatro, cinco horas no mais. de tamanha que era minha excitação por estar novamente na aclimação. assim que deu cinco da manhã, espreguicei-me em meu colchão hipster e, ligeiro num pulo, coloquei de pé minha maltrapilha carcaça. joguei uma ducha gelada no lombo e fui passear por aí. descendo a pires da mota quando só a tia do revisteiro tentação e o japa verdureiro ali defronte parecem emprestar vida à pacata, à erma aclimation. dobrando ali adiante na avenida, desci pela turmalina no sentido da general polidoro square. estava quase chegando ao aclimation park, de tão habituais volteios, quando resolvi, ao menos por uma vez, virar na rua alabastro e me perder por ali, pelas calles com seus nomes de pedras preciosas, semipreciosas, nomes de militares e poetas. batendo pé pela aclimação, desreconhecendo novas esquinas e permitindo me assombrar com os paralelepípedos de suas ruas esvaziadas. é bom demais estar de volta à grand ciudad. levando fundo a noção de que, a cada amanhecer, a poesia callejeira se renova e cabe a nós - poetas despreocupados - tropicar numa inaudita metáfora aqui e num dodecassílabo logo acolá. às voltas com pensamentos poéticos de tal estirpe, me flagrei palmilhando a subidica da rua josé getúlio (internacionalmente reconhecida por sua gastronomia) e adentrando a padaria madame. comprei um suco de laranja, long life, e juntei uns trocaditos. pude notar, ali de relance, em frente à panificadora beatnik, que já está bem de pé, ereto e hirsuto, o mais novo residencial do bairro. o francófono jardins d´aclimation. colhi uma margarida de plástico no jardim d´aclimação, colhi uns morangos mofados. e fiquei esperando, tal qual marcovaldo, a natureza tomar de volta suas antigas ruas, na forma de uma gramínea brotando entre o fétido calçamento da josé getúlio. tranqüila e infalível como bruce lee. tranqüila e infalível como jack bruce.

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