the poetry as a pain in the ass
o pior já passou. então te digo que já posso falar isso agora. me condoí lentamente, ao longo da última semana, com uma crise braba de hemorróidas. ui. te digo que a dor das hemorróidas é em muito semelhante à dor que o poeta carrega n´alma. pois de tão secreta, perfeitamente passa despercebida quando tu vês o poeta andando pela pires da mota. mas, se prestares atenção naquele sujeito ali, bem que poderás apontar nele um certo caminhar diferente, assim meio torto, e mesmo um certo assentar-se diferente, assim meio de ladinho. enfim perceberá um certo ar de calma e dolorida resignação ao passares pelo poeta quando latejante up the ass. porque só o poeta sabe onde lhe aperta a dor. só o poeta sabe como carrega as hemorróidas de seu lirismo. te digo então que recorri, como tantos outros artistas de tantos tempos e tão remotos, ao mundo maravilhoso dos opiáceos para me aliviar o fardo brutal. lidocaína. em duas aplicações diárias up the ass. ao despertar e ao anoitecer. o poeta assim obteve a cura - ainda que passageira - de sua dor. e pôde sentir o mundo inteiro se esvair, se derreter, o mundo se entorpecer, lentamente, a partir de seu traseiro.
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