The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

30 agosto 2008

a trick they do with mirrors and with chemicals

seis da tarde de sábado. as primeiras luzes começam a acender pelas ruas d´aclimação, as gentes já se entocaram nos condomínios d´aclimação. uma calmaria de domingo pesa no ar do sábado. os caminhões da municipalidade já vieram e já foram embora. limparam a loureiro da cruz. como gigantes de aço mijando pelas ruas, seus jatos de água empurrando as tripas de peixe, lavando as tripas de peixe, empurrando as tripas de peixe até as bocas de lobo d´aclimação. elas voltam se chover pesado. um dia elas voltam. as tripas de peixe, um dia elas voltam nadando. enquanto isso, na loureiro da cruz, daquela feira barulhenta resta apenas o cheirinho de peixe. do canto dos pregoeiros, diria a carmem miranda, resta apenas um silêncio cansado no ar molhado. te digo que morar aqui no the double tree park é morar pertinho do mar. como em ubatuba. cheirinho de mar n´aclimação. mar e creolina perfumam as tardes de sábado. cheirinho de mar, cheirinho de creolina até terça-feira. ou até a primeira chuva chegar. e chover pesado. e transbordar teus esgotos. inundando as ruas ali de baixo. transbordando as ruas lá debaixo. as tripas de peixe nadando pela pires da mota até o glicério, até a rua lavapés. até os cortiços da lavapés. até as prostis, os traficas e os batedores de carteira. tripas de peixe para lavar pés.
a aclimação fica no alto do morro.

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