The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

22 outubro 2008

like sonny

me lembro quando enchiam o saco dos rolling stones porque eles eram "velhos demais" pra fazer rock and roll. isso foi no final dos anos oitenta, quem se lembra? o chato do morissey até gravou uma música falando preles get out of the stage. perceba que faz tanto tempo que já desistiram de aposentar os stones. o morissey, hoje uma bicha velha de quarenta e tantos anos, continua nos palcos, colhendo rosas dos fãs e caprichando no gel pra deixar de pé o que resta do topete eighties.
te falo sobre isso agora, quase uma da manhã de quarta-feira.
chegando do show do sonny rollins. velhinho sonny, setenta e oito anos, mais de meio século de atividades jazzy. tocando de pé ali para nós, mamelucos endinheirados do terceiro mundo, durante duas horas e dez minutos. (a dani contou no relógio, eu deixei rolar.) te digo que levei a primeira música inteirinha, tipo uns vinte minutos, talvez fosse "bluesnote", vá saber, desacreditando naquele sujeito.
the old man ali todo troncho, andando meio de lado, meio torto, meio guenzo, como era guenzo meu saudoso golzinho fubanga de tanto catar meio-fio, mas assaz lampeiro e radiante com o saxofone entre os lábios, esmerilhando suas melodias boppers de centenas de notas - todas as notas no lugar certo, groovy.
sonny é a própria elegância. camarada fino.
parece incapaz de uma grosseria, um movimento brusco, um gesto rude.
despediu-se da turba batendo com os punhos fechados sobre o peito. um silencioso cumprimento pele vermelha, estilo keith, não pude deixar de notar.
como é bom poder vê-lo assim, inteiro.
vê-los inteiros, o imortal keith também.
suadouro. sentando aqui agora batucando as impressões jazzy e suando feito camelo. porque tomei meio litro de sopa de cebola. e porque acho que não vou dormir tão cedo. te digo que queria um dia ser velhinho que nem nossos heróis. just waiting on a friend...

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