The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

06 novembro 2008

the dress code

achei bacana a fusão itaú & unibanco. te digo que é justo que os dois piores bancos do brazil se tornem um único - e, com sorte, ainda pior. assim o bradesco ainda sobe uma merecida posição no ranking do descaso com os clientes otários.
há um par de anos, por exemplo, atrasei um dia o pagamento do condomínio do the double tree park - e pronto - foi o suficiente para me f*der por não poder mais efetuar o pagamento em um caixa-eletrônico qualquer e ter que ficar quarenta e oito minutos (contados) em pé na fila do itaú diante de uma única funcionária com ar de enfado existencial - a outra caixa era exclusiva para idosos, gestantes, inválidos, aleijas e freaks em geral. na saída, dei de cara com o gerente e fui lhe falar como eu estava feliz por não ser correntista do itaú e, por tanto, nunca mais precisar entrar lá dentro.
pois bem, hoje eu tive de ir lá novamente. no itaú dos infernos. acordei cedo hoje, seis da manhã, pra poder entrar logo naquela porquêra, enfiar meu dinheiro goeladentro do caixa-automático e sair de lá o mais ligeiro possível, amarfanhando na minha mão o recibo de pagamento que não confirma o valor declarado por mim, pois está sujeito à verificação após o fim do expediente.
às seis e doze da madrugada, pelo horário brazilieiro de verão, eu subo as escadas da agência do itaú à aclimation avenue. vou abrir a porta da agência e - clang - está fechada. trancada. um cartaz, ali ao lado, esclarece que o atendimento maquinal começa às seis horas. a porta está fechada, no entanto, trancada. uma porta daquelas que só abrem quando o correntista (uh) introduz o cartão do banco no leitor magnético (ah) e passa-o pela fresta horizontal disparando uma luzinha verde e liberando a trava clang da puerta. para sua segurança.
sentei na escada. fiquei sentando, ali no bafo da garoa, imaginando que bizarro um banco se recusar a receber dinheiro. estava sem i-pod, um erro, e tive de me distrair espiando as gostosas que desciam pela avenida no rumo do aclimation park. existem gostosas n´aclimação, sim, muitas, mas é bem impressionante como nenhuma - nenhuminha - dessas gurias pratica jogging no park de manhãzinha. deve ser por isso que as academias vivem abarrotadas.
estava ali, sentado na garoa, a apreciar o gás carbônico e as barangas da aclimation avenue, quando um senhor distinto - grisalho, terno bem cortado, calça de linho, pisante italiano e aquele adorável ar apressado de corporate man às seis da matina - desceu do carro encostado no meio-fio. quando o camarada despontou na calçada, sem erro, eu já sabia que era pro itaú que ele vinha em seu batidão.
batata. com licença, meu senhor, me permita entrar contigo na agência, com todo o respeito, pois preciso arcar com uma despesa que vence hoje, mas, como não sou correntista, não tenho meio de abrir a porta, veja só, situação...
o senhor me olhou de cima pra baixo. deu um passo pra trás. sorriu e me deixou entrar no itaú antes dele. segurou a porta para minha passagem. agradeci a gentileza com um menear de cabeça. imagino que a minha blusa grená, esgazeada, desbotada, manchada de água sanitária no meio da pança e vestida ao contrário, com as costuras para fora, tenha causado boa impressão. no corporate world, os bacanas sabem que se vestir bem é meio caminho andado. já dizia o chapa john pothead.

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