The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

25 junho 2009

lumpesinato voluntário

pingando a manhã inteira na grande cidade. fui até o supermercado dany, de bermudas, pra não molhar as calças. olho ao redor, andando pela josé getúlio, e percebo a ausência de meus amigos, os mendigs.
me lembro da conversa com o grande poeta beat da bela vista.
o velho poeta a comentar como neal cassady chegou a viver na rua. assim como gregory corso. era o "lumpesinato voluntário".
marx estava errado: não será do proletariado que virá a revolução. será do lumpesinato. achei poético e belo esse pensamento standing in rags. eu te pergunto onde será que os lúmpens da josé getúlio se refugiam nas manhãs garoantes?
quando for colocado pra correr aqui do the double tree park, obrigado a deixar este residencial hipster-burguês, carregarei meu sofá beat e o deixarei cair na calçada sob a marquise da loja pimacli (moda infantil).
lá a chuva não molha nem quando cai por horas a fio. e o empregado da pimacli, todas as manhãs de estio, pega uma mangueira para lavar a crosta de b*sta deixada pelos mendigs durante a noite.
vou trocar the double tree pela pimacli. e fazer um gato da net.
tem um lar espírita na rua josé getúlio, no caminho pro dany a gente passa em frente a ele. me faz lembrar daquela canción da banda divine - "lar católico" - e imagino que lar deve ser esse sem janelas pra calçada. mas tem uma plaquinha na porta onde tu lês "lar espírita".
será que os mendigs d´aclimação podem dormir até mais tarde nas manhãs de chuva? será que os espíritas deixam dormir mais um pouco quando fica frio e húmido assim?
"o que nos une não é o amor e sim o medo da solidão"
(claudio bull)

|