The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

16 fevereiro 2010

rambler's blues

cueca branca amor... não posso mais...
pela saudade que me invade eu te peço paz...
- não seria... "bandeira" branca?
- já ouvi algo assim. mas acho "cueca" mais apropriado a esta tão solene ocasião.
- questão de estilo, né?
- estilo e attitude. mas... e tu, guria, me diga, tu curtes poesia?
- eu não tenho paciência para poesia.
- entendo o que me dizes. a boa poesia te demanda paciência e lavoro.
- muita paciência.
- mas... moça do carnaval beatnik... me conta... deu prejuizo neste feriado?
- não sei a que espécie de prejuízo se refere...
- tomou todas?
- ahn. é verdade que todo poeta consome muito álcool?
- só os bons poetas. porque há os que preferem toddynho.
- toddy é gostoso.
- te falo por mim, se me deres um toddynho, acrescento gim.
- prefere destilados?
- fazem bem danado ao fígado.
- eu acho que é o contrário. são piores para o fígado.
- que bom que o meu é surdo, pra não ouvir desses assuntos.
- é mesmo, pode impressioná-lo...
- mas... e tu, moça do carnaval hipster... então bebeu todas e caiu no chão de tanta bebedeira?
- eu não gosto de bebibas. acho que sou careta.
- nem guaraná taí?
- prefiro coca, bem gelada.
- coca me dá gases, se tu me entendes.
- entendo. por que não arrota baixinho?
- pum.
- preferível arrotar, não? ainda mais pra mim, uma mocinha.
- antigas civilizações pré-carnavaleskas consideravam o arroto uma espécie de poesia oral.
- estou vendo é que você está meio tonto ainda...
- completamente - e tu, moça do carnaval avant-garde?
- eu estou bem. eu estou lendo um livro.
- que bakana. um livro de poesia? um livro de prosa poetika?
- um livro do milton hatoun.
- oh. puxa. que máximo!
- gosta dele?
- claro. muito. me lembra o marcelo dourado. apenas um pouco mais nervoso no estilo.

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