The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

15 junho 2006

lombalgia

dois dias resfriado. espirrando. com aquela costumeira tosse de cachorro molhado. gripe clássica de ar condicionado de redação de jornal. ou, se preferir, minha aversão extrema a redações de jornal. em geral. uma espécie de rinite jornalística. uma alergia brutal que me empipoca a pele, entope o nariz, trava a garganta e encatarra os pulmões. bueno. passei dois dias brabos por conta desse jornalismo old school - pretty old se me perguntas. sobrevivendo à base de remedinhos. pills, thrills and bellyaches. dois dias sedado. under the influence. ouvindo em mono e reagindo lentamente aos estímulos externos. trabalhando debaixo de uma forte onda de drugs farmacológicas legalizadas. uma combinação de resfenol, novalgina em gotas, xarope melagrião, marlboro lights e pastilhas valda; além das bolinhas usuais, minhas bolinhas de sempre, bolinhas queridas que me mantêm de pé. dois dias em topor opiáceo. por assim dizer. tipo ronalducho entregue à marcação. chapando na frente dos jogos de futebol, três por dia, mais os vetês e os debates esportivos. ainda tentando entender as coisas que as pessoas me diziam, pois deviam ser importantes pra mim. e escrevendo qualquer cousa a respeito de futebol. sempre. redator gonzo. esporte é saúde. e agora estou, de leve, despertando da overdose de medicamentos químicos e peladas internacionais. poderia sentar e escrever algo brilhante sobre a vida do lado de lá, sobre a alquimia que me alterou as funções vitais. mas sinto apenas uma dor forte nas costas, tipo cold turkey. e uns flashbacks mais e mais distantes. assim ocasionais. poderia escrever, sim, minhas canábicas memórias de viagem. mas o que me lembro desses dois dias felizes não vem exatamente ao caso agora e me aborreço só de pensar em me encompridar por mais uma linha que seja. é só.
preciso de mais um resfenol. ou dois.

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