The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

16 julho 2006

jockey full of bourbon

acordo a uma da tarde. cansadinho ainda. uma fome cavalar me golpeando nas costas. umedeço os olhos na pia do banheiro. pago pipi no celite. esqueço de puxar a descarga e subo a bermuda. catando uma blusa no chão, entre as bitucas de cigarro. arrasto a senil carcaça até o elevador, espantando o azedume de ressaca num golpe meio muhammed ali, me jogando contra as grossas paredes do the double tree park. consciente, consciente, é preciso estar consciente. num golpe de sorte, o elevador está vazio. ajeito minha cara no espelho enquanto o caixote de aço desce verticalmente em velocidade avançada. menos um. saio pela porta da garagem enquanto tento murmurar "e aê, boa tarde, tá na tranqüilidade neste aprazível domingão? que bão" ao garagista mas ainda não estou bem certo do queconsegui expressar na verdade. calculo os passos sonados até a esquina da rua josé getúlio. aquela idéia permanente de matar um churrascão no rod luz. mudo de calçada e tomo o rumo de casa quando percebo a aglomeração à porta da churrascaria. é bem bacana morar em são paulo. o chato é que sempre trezentas e vinte pessoas têm a mesma idéia de diversão que você. nada de almoço de domingo no mais sofisticado restaurante da rua josé getúlio. resignado com o meu destino urbano, entro na padaria madame e peço um pedaço de pizza, uma coca-cola lite. minha vida bem que parece um filme, volto a pensar, parece um filme do jim jarmusch. com tom waits na trilha-sonora. a idéia me agrada. familiar como assistir a um filme preto e branco às três da manhã. a idéia me agrada.

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