The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

23 setembro 2006

l´humanité

- não sei por que me olhas assim. sou jornalista profissional há dez anos.
- excelente profissão. parabéns.
- brigado.
(silêncio. acendo um cigarro. silêncio.)
- meu querido, devo estar tomando seu tempo...
- nã. por que dizes isso? só porque não compartilho de teu aparente entusiasmo por minha profissão?
- e você não esta procurando algo diferente?
- é preciso ganhar dinheiro, não? como diria o frank zappa, "in it for the money", estou nessa pela grana.
(silêncio. apago o cigarro. silêncio.)
- ai... você é maluco...
- brigado. isso sim é um cumprimento. grato.
- gostou? não acredito...
- bueno, carolina, as palavras são relativas. las palabras son relatíbas. les paroles são relatives.
- mas então me diz...
- igual a tudo na vida.
- você é doidinho de tudo...
- carolina, me diz, na sincera, tu curtes poesia urbana?
- gosto de ler, mas não sei nenhuma de cor.
- poemas urbanos não são fórmulas matemáticas, não precisamos tê-los decorados.
- mas se você falar de poesia de amor...
- sou poeta, carolina, pôrra.
- ahn. então me diz. uma. sou muito romântica.
- o amor na grande cidade cinzenta/ sem mapa/ te perdi na esquina da minha rua/ l´amour/ ou teria sido apenas tesão/ carência urbana na grande conurbação/ na grande cornubação.
- ai... que poeta... acho que vou chorar...
- de tão ruim assim?
- não, não. é maravilhosa. pode fazer parte da academia. da academia paulista de grandes escritores
- desculpa, carolina, mas academia pra mim é onde os anabolizados puxam ferro enquanto descolam mais um pico de hormônio de égua.

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