The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

12 fevereiro 2008

the sheltering skies

gosto de minha varanda hipster. ela dá bem uma idéia de o quanto blade runner é esta apravízel megalópole. os prédios se estendem até o horizonte, cinzentos e silenciosos, até trombarem com um recorte azul formado lá longe pelas serras que circundam nossa pacata ciudad. john pothead gosta da minha varanda hipster para ficar fumando seu cigarillo e conjecturando em silêncio as doidas idéias que ele pensa. eu gosto da minha varanda hipster para ficar espiando as gurias tomando sol na pérgula da piscina do the double tree park. isso quando faz sol. eu também gosto da simplicidade tão imediata e tão pouco existencialista que é uma varanda hipster no décimo-sexto andar, perceba - porque é só colocar o pé pra fora da mureta e adiós, sem erro, sem considerações metafísicas desnecessárias e deselegantes, porque no décimo-sexto andar uma questão metafísica assim se torna apenas física. mas o que eu mais gosto de minha varanda hipster é simplesmente poder ficar lá paradão assistindo aqueles instantes antes da chuva. quando ainda não começou a pingar n´aclimação, mas o céu já fechou e começam os relâmpagos circundantes aqui e acolá. gosto de ver essas descargas elétricas riscando o céu plúmbeo e acendendo e desaparecendo tão breve e fortuitamente e aleatoriamente quanto tudo o mais. gosto da iminência da chuva e penso que os relâmpagos são como os fósforos de deus. meu avô gostava de ficar sentado no alpendre de sua fazenda e ver o céu relampiando. é assaz poético.

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