The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

10 março 2008

fear of the dark

queimou a luz do corredor do décimo-sexto. a luz que fica exatamente entre a porta do meu apartamento (1604) e a porta do apartamento vizinho (1605). meu vizinho é o brito.
e o corredor do double tree park se mantém na mais solene escuridão quando eu passo em meu caminho até a porta. seria até difícil de acertar a chave na fechadura, caso eu realmente passasse chave em meu cafofo beat. espiando pelo olho mágico, bem cegueta, não se vê mais o velho brito ali parado no corredor, fumando seu cigarrillo galaxy. dá para ver apenas a ponta incandescente do cigarro - e dali se adivinharia a silhueta fétida de nosso old man brito.
à espreita atrás da porta do 1604, eu suo pesado enquanto fico espiando a vida de brito. e deliro quando imagino nosso possível encontro fortuito, lançado ao acaso e às escuras, prestes a acontecer, a qualquer momento desses desavisados, quando eu chegar do supermercado dany carregando minhas sacolas de compras light e ele, o brito, estiver exatamente ali no corredor, parado, fumando seu cigarrinho hipster, sem dizer nada, sem esperar nada, sem fazer nada, apenas being brito.
(mas o joão batista passou aqui agorinha com sua escada e trocou a lâmpada.)

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