The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

18 maio 2008

parece que é ainda construção e já é ruína

tarde de domingo n´aclimação. as crianças de domingo brincam na rua, na calçada em frente ao condomínio pedro rachid. os pais batem uma sinuca e bebem cerveja no boteco ali na pires da mota.
uns vagabundos tostam suas pelancas corporativas ao sol do inverno paulistano. protegidos que estão das crianças e dos bebuns pelos muros altos, eletrificados e intransponíveis, do the double tree park, espichados no deck recém-envernizado da piscina.
piscina com água altamente tratada, claudio bull.
operários trabalham com marretadas, derrubando patamares e vazando paredes, numa tarde de domingo d´aclimação, ali na esquina com a castro alves, no prédio de uma antiga rádio. (o john pothead até já me disse qual era a rádio que evacuou o edifício e se mudou, eldorado, parece, algo assim). o prédio estava abandonado, pardieiro, desde antes de que eu desse com meus costados beats aqui n´aclimação. estava lá por anos e anos caindo aos pedaços. agora alguém quer esse rico imóvel de volta, e rápido, rápido, alguém quer tanto e tanto que seus operários o derrubam a marretadas numa tarde de domingo.
aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína, caetano.
ouço as pessoas gritarem de felicidade pelos pardieiros da josé getúlio. a alegria do futebol. como o corinthians jogou ontem e o palmeiras só mais tarde, concluo que o são paulo acabou de levar um gol pela rede globo. fecho a porta da varanda, a minha resposta, e aumento o som da tevê: grêmio e flamengo para emprestarem cores vivas a meu domingo de exilado on main street.

|