The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

26 junho 2008

Casaco marrom

Como bem salientou nosso colunista Berna Beat, tá um frio bate queixos aqui em Sampa. Fui procurar umas pantufas no armário. Umas que ganhei de amigo oculto. Já vieram com cheiro de naftalina. Coisa de três conto.

Na zorra do meu armário, um buraco negro de indivíduos-sapatos, achei uma botina velha. Marrom, puída de verdade, que roubei do meu irmão. Ele foi pra Madrid, o que tecnicamente configura um empréstimo. É o pisante que mais me amarro.

Do tipo de calçado que, se você sai com uma mulher, ela não consegue disfarçar a decepção. Ficam assim caladas, apenas pensando "será que ele acha que isso é cool?"

Hoje visto sapatos formais. Não são chiques. Eles dão pro gasto no mundo corporativo. E os meus estão bem gastos. Me recuso a usar dinheiro com roupa de trabalho. No máximo descolo algumas do meu pai. Ou dos meus irmãos. Até que eles têm bom gosto.

No mundo corp as pessoas precisam mais e mais de roupas. Uh, e elas são caras. Dizem que é investimento na carreira. Dress code. No meu caso, o negócio é o seguinte. A única carreira que pretendo investir é a de vagabundo. E vagabundo que se preze, usa roupa doada.

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