the traffic lights
as pessoas em são paulo andam em passos apressados, trombando com estranhos pelas calçadas estreitas de la grand ciudad, empurrando-se sem pedir desculpas e olhando para algum ponto vazio ali à frente. uma das cousas mais selvagens que tu podes fazer nesta pacata megalópole, querido forasteiro, é andar amavelmente com passos vagarosos e distraídos pelas ruas. até o pessoal da isquemia vai passar voado por ti, trotando e puxando a perna imediatamente para outro lugar que não aqui. rosnando na tua nuca.
a ponte da amizade fica ali na liberdade. não chega a ser uma ponte... como uma ponte de paris... uma ponte sobre um rio e tal... na verdade, é apenas um viaduto meio detonado e bem sujinho, erguido sobre uma das mais enfartadas artérias urbanas da ciudad, a avenida vinte e três de maio (o que aconteceu em vinte e três de maio, hein? deve ser o aniversário da mãe do maluf.)
gosto de ficar encostado na mureta da ponte da amizade. apenas ficar ali. tipo seis da tarde. sete da noite. vendo the very city lights brilhando, the traffic lights tumultuando a noitinha.
o engraçado é como as pessoas não entendem te ver ali paradão no sossego. não sabem como agir. passam ainda mais ligeiro, porque pode ser um sequestro relâmpago. ficam espiando meio de longe, porque pode ser um suicidal. ficam atentas com tua pessoa, porque pode ser pegadinha do joão kleber.
eu tento pouco me f*der para esses caras nervosos com os outros, esses pobres que têm medo de sua própria cidade. fico ali paradão. vendo o trânsito. respirando um pouco de co2 e simplesmente being alone de uma maneira poética. se ainda fumasse cigarros, acenderia um na buena. e ficaria feliz com un ratito de paz. como ando sem cigarros pelos bolsos, aumentei o som do ipod girando num shuffle. bem quando começou a rolar happy. keith richards e os stones.
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