The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

12 agosto 2008

we do not serve dope fiends

levanto no meio da madrugada. simplesmente acordo e me levanto no meio da madrugada. faço um pipi para acordar, tiro as remelas dos cantos dos olhos. que sujeito freak me espia ali no espelho? puxo a descarga devagar, de mansinho. porque ainda é cedo. já é bem tarde. cato os restos de telepizza & cigarros no balcão da cozinha, passo um pano úmido, para a maria rosa não se assustar quando chegar de manhã. arrastando os chinelos, old brito style, vou até a lixeira sem acordar meus vizinhos, cinco apartamentos de luzes apagadas, portas trancadas e trincos passados. um dos elevadores está parado no térreo. o outro, no sexto andar. as luzes de segurança do the double tree park acendem sozinhas pelo corredor e iluminam meu caminho solitário pois detectam em seus infravermelhos a passagem de minha silhueta mortiça. até a lixeira. posso ir até a lixeira de cuecão. quatro da manhã. acendo a tevê. calculo pela janela outros apartamentos, ao redor, com suas luzes azuis e esverdeadas piscando através das janelas em impulsos via satélite. basquete, handebol, canoagem, judô e voleibol na tevê. três da tarde em pequim. acendo o fogão, preparando um chá verde, a chama azul do gás que sai de dentro das paredes. até a varanda beat. ouvir melhor esse silêncio d´aclimação. a rua pires da mota está vazia,e stá deserta, está abandonada. nenhum vagabundo, nenhum homeless. cinco, seis quarteirões até lá adiante, ermos, no rumo da baixada do glicério. onde as noites são mais escuras e algum lou reed está a andar pelo wild side. os faróis de trânsito a imporem luzes vermelhas para o nada. para carro algum. a chaleira a fumegar. apenas luzes amarelas distantes a deslizarem em velocidades impensadas pela radial leste, sentido centro. a friaca paulistana da madrugada. cinco apartamentos acesos no edifício eneide. mais sete ali adiante, oito, perto da padaria madame. acendo um cigarro espiritualmente. trago in my mind. chá verde. os combates se ampliam na geórgia. espicho os olhos e consigo contar exatas onze estrelas nos céus d´aclimação. ou seriam planetas? um planeta é uma forma de estrela. rua urano, rua saturno. acho que vi vênus n´aclimação.

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