she wore blue velvet
david lynch esteve em são paulo na quinta-feira.
queria ter visto. deve ter sido assaz divertido ver o cineasta freak na grand ciudad surreal. um pleonasmo terceiro mundo, te diria, ainda mais quando o ambiente úmido industrial chuvoso voltou com força sobre nossa metrópole bucólica. mas não deu pé ir lá ver david, não deu, não.
david lynch recebeu os fãs na livraria cultura na avenida paulista e, depois, à noite, me parece que ele falou aos alunos da faap, aqueles burgueses filhinhos de papai metidos a artista. pobre lynch. mais um desavisado caiu no conto do gringo otário.
não fui ter com lynch. a cobertura noticiosa me traz o alento de que, conforme eu previra, foi tudo uma balbúrdia, um grande programa de índio, programa de indie. tipo comprar ingressos pro show do joão gilberto. esparramaram-se filas homéricas à porta da livraria, distribuição de senha muitas horas antes, obrigando os fãs a ficarem lá de pé a tarde inteira, pagando mico que nem um bando de trekkers esperando spoc no meio de um shopping. se ainda fosse a naomi watts...
lynch, o pôrra louca, tratamento de popstar aqui entre os tupinambás, recebeu aplausos incontidos a cada frase de sua-sapiência-audiovisual que estava, aliás, tentando empurrar um livro sobre meditação transcendental. (hey, isso é lynch deveras!)
hoje vou rever eraserhead em homenagem tardia a david lynch, que já foi embora. quer dizer... vou tentar ver eraserhead, de madrugadão, entre os jogos de handebol masculino e as competições de adestramento por equipe no hipismo.
(em tempo: a feira de todos os sábados aqui na rua loureiro da cruz hoje passou sem uma de suas mais melindrosas protagonistas. me refiro à anã-corcunda-cigana-quiromante que senta em seu caixotinho ali na esquina da loureiro com a rua urano. ela não apareceu hoje. como assim? fiquei realmente muito incomodado com a ausência da anãzinha freaky, mais incomodado do que costumo ficar em sua presença. desde que me mudei para o the double tree park, há mais três anos, a anãzinha está sempre ali. sempre. sem erro. imagino se david lynch, o óbvio criador daquele ser sinistro, não deve a ter levado volta para los angeles, de volta para o acostamento da mulholland drive. se for isso mesmo, ela fará falta, a aclimação perde um de seus encantos. a conferir.)
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